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"O Brasil ficou muito caro", diz presidente da AGCO

Líder no mercado de tratores no Brasil vai construir uma fábrica na Argentina e comprou 50% de outra na Argélia

Para o alemão Martin Richenhagen, o mercado interno continua atrativo, mas exportação perde força

RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK

O início da construção de uma fábrica na Argentina e a compra de 50% de outra na Argélia são os maiores sinais de que, para a AGCO, líder no mercado de tratores no Brasil, o país já não oferece vantagens competitivas para exportar a outros emergentes.

"O dólar enfraqueceu e o Brasil ficou muito caro", disse à Folha o alemão Martin Richenhagen, 59, presidente da multinacional -que detém as marcas Massey Fergusson e Valtra.

Leia trechos da entrevista.

Folha - A desaceleração brasileira mudou os planos da AGCO?
Martin Richenhagen - A colheita de grãos não para de crescer no Brasil e a agropecuária é a coluna vertebral da economia. Para nós, não há desaceleração. Mas costumávamos exportar muito mais das fábricas brasileiras. Tratores baratos da China e da Índia também estão sendo vendidos na América Latina.

Isso deve piorar com a política de mais dólares no mercado do Banco Central americano?
A cotação do real influi, mas há vários outros problemas. Os impostos sobem, a energia é cara, a infraestrutura não é boa e os mercados consumidores estão longe de Mato Grosso, então estradas, portos, ferrovias são um problema. Os salários eram muito baixos, melhoraram e isso é bom, mas agora, pela valorização da moeda, ficaram menos competitivos.

Há risco de fechar fábricas ou demitir funcionários [4.500 no Brasil]?
Não, porque o mercado doméstico cresceu muito e alguns países vizinhos estão crescendo também.
Mas perde-se uma oportunidade internacional de crescimento por perda de competitividade [dos 38 mil tratores anuais fabricados no Brasil pela empresa, 50% costumavam ser exportados; hoje só 15%].

Foi por isso que a AGCO decidiu abrir fábrica na Argentina?
A Argentina não é nem mais nem menos protecionista que o Brasil. Ela aprendeu com o Brasil o protecionismo e isso afeta as fábricas brasileiras [até 2008, a Argentina era o maior mercado para tratores brasileiros da empresa, importando 2.500 unidades; ano passado, com barreiras comerciais, foram 400; a fábrica argentina da AGCO será inaugurada no ano que vem]. Os custos argentinos são bem mais baixos.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1157432

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