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Concessionárias vão à Justiça para abrir todos os domingos

Acordo entre sindicatos determinou fechamento duas vezes por mês

Das 700 lojas, só 60 podem funcionar sem restrição; empresas divergem sobre impacto nas vendas de veículos

Akos Stiller/Bloomberg
Motores de automóveis passam na esteira de nova fábrica da Opel na Hungria; a empresa procura reverter as perdas do grupo GM, do qual faz parte
Motores de automóveis passam na esteira de nova fábrica da Opel na Hungria; a empresa procura reverter as perdas do grupo GM, do qual faz parte

GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO

Às vésperas da renovação de um acordo trabalhista que fechou a maioria das concessionárias de veículos em dois domingos por mês, há cerca de 50 ações na Justiça pedindo a anulação desse calendário especial.

A maior parte dos pedidos vem dos três grupos que já conseguiram na Justiça autorização para funcionar todos os finais de semana.

Eles representam cerca de 60 (ou menos de 10%) das quase 700 lojas da capital paulista e região do ABC. Os outros 90% são obrigados a fechar dois domingos por acordo firmado com o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, que representa os vendedores.

Os grupos que conseguiram autorização para abrir nas quatro cidades são SHC (das marcas JAC, Citröen e Volks) e Sinal (com bandeiras como Nissan e Fiat). Já o Caoa (marcas Hyundai, Ford e Subaru) tem autorização só para as cidades do ABC.

O fechamento aos domingos é uma reivindicação antiga do sindicato dos comerciários para todos os segmentos do comércio, e não apenas para as lojas de veículos.

No ano passado, os trabalhadores conseguiram um acordo parcial -para fechar dois domingos- com o sindicato que representa as concessionárias em São Paulo.

Rio de Janeiro e Porto Alegre adotaram medida semelhante neste ano.

A Folha apurou que as concessionárias de menor porte apoiam o fechamento parcial proposto pelos trabalhadores porque o impacto de manter as revendedoras abertas -e pagar hora extra aos domingos- é maior em suas folhas de pagamento.

Com isso, elas lucrariam proporcionalmente menos que os grandes grupos.

CONCORRÊNCIA

Já estes, por sua vez, defendem a abertura porque temem a concorrência com o mercado de veículos usados e o impacto do fechamento no resultado financeiro.

O Sinal, por exemplo, se queixa da concorrência desleal com as lojas de carros usados, que podem abrir todos os domingos.

"Temos várias lojas perto de shoppings de usados. Se fecho domingo e ele abre, o shopping leva o meu cliente. Se todo mundo fechar, você recupera isso durante a semana ", diz Marco Penna, diretor do grupo Sinal.

Cerca de 40% da receita da rede é composta por usados. Penna defende a abertura total ou o fechamento por completo, por acreditar que a alternância de domingos confunde os consumidores.

As lojas que defendem a abertura irrestrita querem aproveitar o aquecimento de vendas provocado pela redução no IPI dos veículos.

Dados da Fenabrave (federação das concessionárias) mostraram que em agosto as vendas de veículos comerciais leves cresceram 31,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, atingindo 405 mil unidades vendidas.

Algumas concessionárias que passaram a fechar nos domingos designados afirmam, entretanto, não ter sofrido impacto no volume de vendas.

Com 15 lojas, o grupo Amazonas teve aumento de 20% nas vendas nos sábados e nas segundas, o que compensou a perda no domingo fechado. O volume mensal subiu 4% mesmo antes do corte do IPI.

"O cliente não deixa de comprar porque não abre no domingo. É um benefício, porque reduz custos sem afetar as vendas", diz Fernando Franco, gerente da Viamar, uma das maiores revendedoras da GM no país.

Segundo os empresários, o novo calendário reduziu o movimento também nos domingos abertos.

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