Tecnologia para reduzir consumo deve aumentar o preço de veículos

Segundo Francisco Nigro, professor de engenharia da Poli-USP, a maioria dos carros populares comercializados atualmente no Brasil precisaria passar por atualizações para atingir as metas propostas pelo governo.

Uma das soluções seria a adoção de tecnologias avançadas para o mercado local, como o comando variável de válvulas, que otimiza a queima do combustível. Isso deverá ter impacto nos preços.

"Adotar esses sistemas periféricos elevará os custos de produção do automóvel, podendo refletir em até R$ 1.500 no preço final do produto", calcula Nigro. Um carro de entrada no Brasil custa aproximadamente R$ 25 mil.

Sabe-se, no entanto, que as quatro grande montadoras (Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford) desenvolvem separadamente linhas de motores 1.0 mais eficientes, de dois ou três cilindros apenas, e não de quatro, como os propulsores convencionais.

Carros de médio e grande portes poderão demandar investimentos ainda maiores para reduzir o consumo.

Na Europa, onde emissões (e consumo) refletem diretamente na tributação do veículo, a injeção direta de gasolina e o turbo passaram a ser amplamente usados.

A combinação dessas tecnologias permite a construção de motores menores, mas com maior eficiência energética. É o "downsizing".

Na prática, um motor compacto turbinado tem potência de um 2.0 e consume como um 1.6. É o caso do Fiat Bravo 1.4 T-Jet (152 cv). De acordo com a medição do teste Folha-Mauá, esse hatch tem consumo médio de 10,8 km/l na cidade, com gasolina.

O maior problema é o preço: R$ 66,2 mil, cerca de 25% a mais do que a marca pede pela versão 1.8 do Bravo (132 cv), cuja média na cidade com gasolina é de 8,6 km/l.

"Para o consumidor, a amortização das tecnologias levaria cerca de três anos", diz Nigro, levando em conta o menor gasto com abastecimento.