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Chinesa exige reserva de mercado e fábrica de telas pode não sair

Foxconn havia se comprometido a fazer telas com tecnologia de ponta em nova unidade em Minas

Para governo, exigência é "loucura"; outro impasse para o negócio é que empresa desistiu de investimento previsto

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O investimento da Foxconn no Brasil na produção de telas de cristal líquido (LCD) para tablets e smartphones corre sério risco de ficar só na promessa, quase um ano e meio depois de anunciado como parceria estratégica.

A empresa chinesa enviou carta ao governo brasileiro há cerca de dois meses condicionando a instalação da fábrica no país à concessão de uma reserva de mercado.

Durante no mínimo cinco anos, só ela poderia produzir e vender esse tipo de display no Brasil.

A exigência foi considerada uma "loucura" por técnicos do governo brasileiro, que vão aconselhar o Palácio do Planalto a não aceitá-la por considerarem a condição um retrocesso em relação à política industrial.

Além disso, a área técnica afirma que as recentes notícias vindas da China, envolvendo conflitos em fábricas da Foxconn naquele país, podem desestimular as negociações com a empresa.

Assessores presidenciais ouvidos pela Folha disseram, porém, serem favoráveis à continuidade das negociações, por se tratar de investimento de altíssima tecnologia dominado por poucos países no mundo.

Atualmente, esse tipo de tela é fabricado pela Foxconn e pela sul-coreana Samsung. O Japão detém a tecnologia, mas não consegue competir com os produtos da China.

Além da reserva de mercado, outra condição imposta pelo empresário Terry Gou, dono da Foxconn, desagradou o governo. A empresa taiwanesa disse que não pretende fazer nenhum aporte de capital em dinheiro, como reivindicava o Palácio do Planalto, e que entrará apenas com sua tecnologia de LED.

A Foxconn, que fabrica produtos da Apple, descartou inclusive atender a outro pedido do governo, de adotar no país sua tecnologia de última geração na fabricação de telas de cristal líquido.

A taiwanesa fabrica telas iluminada por "minilâmpadas" LEDS (diodos emissores de luz). A tecnologia mais avançada, OLED, usa compostos orgânicos que se autoiluminam, permitindo telas mais finas e flexíveis.

A instalação de uma fábrica de telas de LCD no Brasil foi anunciada em abril do ano passado durante visita da presidente Dilma à China. Na época, foi divulgado que a Foxconn investiria US$ 12 bilhões no país, sendo US$ 4 bilhões para a unidade de telas, que ficaria em Minas.

Seriam sócios o BNDES, que entraria com 30%, e Eike Batista, com US$ 500 milhões. Na avaliação de técnicos, a Foxconn vai priorizar suas fábricas de montagem de aparelhos eletrônicos.

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