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Análise Produção Industrial

Resultados indicam uma recuperação tímida

Principal aspecto positivo é que o restabelecimento ocorreu em 20 setores, sendo que só 7 tiveram taxas negativas

FERNANDO SARTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

AS ATENÇÕES ESTÃO VOLTADAS PARA A INTENSIDADE E A QUALIDADE DESSA RECUPERAÇÃO

Os resultados positivos da produção industrial sinalizam uma tímida recuperação da indústria brasileira.

Essa recuperação foi iniciada no segundo semestre, deve se sustentar até o final do ano, mas nem de longe recuperará as perdas provocadas pela violenta contração ocorrida a partir de meados de 2010, em consequência da política de alta de juros, com impactos negativos sobre o consumo e, sobretudo, o investimento.

As atenções dos especialistas estão voltadas para a intensidade e a qualidade dessa recuperação.

O principal aspecto positivo da recuperação é que ela se deu de forma abrangente: 20 dos setores analisados cresceram e apenas sete apresentaram taxas negativas, com destaque para o setor automobilístico.

Diante dos resultados negativos das vendas apresentadas em setembro, é bem provável que o governo prorrogue a redução do IPI (prevista para terminar em 31 de outubro) e, ao mesmo tempo, busque articular a concessão de incentivos ao compromisso das montadoras de realizar novos investimentos e manter os empregos.

A preocupação com os investimentos faz sentido. Um aspecto ainda negativo do padrão de recuperação foi a evolução do setor de bens de capital, que cresceu só 0,3% em relação a julho e acumula queda de 12% em 2012.

Isso indica o baixo nível de investimentos, além do fato de que uma parcela significativa da demanda por máquinas e equipamentos tem sido direcionada às importações.

A maior intensidade e qualidade da expansão industrial será condicionada por dois fatores, se mantida a conjuntura atual de câmbio e juros mais adequados.

O primeiro diz respeito à evolução dos investimentos nos próximos anos. A queda recente não só contribuiu para desacelerar fortemente a taxa de crescimento da economia e, por consequência, da produção, da renda e do emprego, como representou uma drástica redução na demanda por bens industriais.

O segundo fator está relacionado aos encadeamentos produtivos e tecnológicos.

É fundamental que a expansão da demanda industrial seja prioritariamente direcionada à produção doméstica, sobretudo num quadro de acirramento da "guerra cambial" e da concorrência no mercado internacional.

Embora as recentes medidas de redução dos custos industriais contribuam para essa tarefa, não se pode abrir mão do uso dos instrumentos de defesa comercial e do poder de compras públicas.

No médio e longo prazo, somente a retomada dos investimentos industriais em modernização, expansão da capacidade e em inovação permitirão um aumento sustentado da competitividade.

FERNANDO SARTI é diretor do Instituto de Economia da Unicamp.

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