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Apostas de corte de juros ganham força

Apesar de inflação em alta, investidores acreditam que BC deve reduzir taxa para garantir retomada da economia

Manutenção de juros mais baixos ajuda a manter real desvalorizado, diz economista do HSBC

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Apesar da inflação mais alta, conforme divulgado ontem pelo IBGE, ganharam força no mercado as apostas de mais um corte da taxa básica de juros, na semana que vem.

Indicações recentes de integrantes do governo e, na última quinta-feira, do diretor da área internacional do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, deram fôlego para os que acreditam que o BC reduzirá os juros para garantir a retomada da economia.

No mercado de juros futuros, as apostas ontem eram de que o BC deve cortar pelo menos 0,25 ponto percentual na taxa de juros, atualmente em 7,5% ao ano.

Segundo Antônio Madeira, analista da LCA Consultores, a taxa negociada para janeiro de 2013 -que ontem fechou a 7,1%- indica um corte ainda mais intenso, de 0,50 ponto percentual, apesar do discurso de "máxima parcimônia" adotado pelo BC desde a última redução dos juros, no fim de agosto.

As apostas de redução, diz ele, começaram com a divulgação dos dados da indústria de agosto, que apontaram melhora da atividade, mas com investimentos ainda fracos. O indicador industrial levantou dúvidas sobre a sustentação da retomada.

Ontem, as apostas de corte ganharam peso depois que Awazu reiterou a previsão de um longo período de "crescimento medíocre" no mundo, e disse que o BC deve "calibrar" a adoção de políticas para maximizar o crescimento da economia brasileira.

MENOS JUROS

Essa parte do discurso, feito na BM&F, foi interpretada por analistas como a senha para o uso de medidas alternativas aos juros para conter eventual aceleração da inflação e, dessa forma, evitar a alta dos juros.

Entre as medidas alternativas, estão possíveis restrições ao crédito, exatamente como adotou o BC no fim de 2010 e no início de 2011.

Em oposição aos investidores do mercado futuro, analistas têm opiniões mais moderadas.

A própria LCA prevê que o BC vai manter a taxa de juros inalterada, tendo em vista a recuperação já em curso e os efeitos defasados dos estímulos concedidos.

Segundo o economista Constantin Jancsó, do HSBC, o BC deve optar por mais um corte de 0,25 ponto percentual e se esforçará para manter a taxa inalterada em 2013.

"No nosso cenário, o BC deve evitar ao máximo mexer nos juros, em parte preocupado com seus efeitos sobre o câmbio", afirma.

Isso porque uma alta dos juros poderia aumentar a pressão de valorização do real ante o dólar e, assim, piorar a já combalida competitividade da indústria nacional contra os importados.

O governo tem dado sinais de que pretende manter o real desvalorizado, cotado em torno de R$ 2, para defender as manufaturas locais.

A aceleração da inflação em 2013 ainda não preocupa, diz Jancsó, uma vez que o governo indica que está disposto a fazer mais desonerações de impostos e isso tem efeito de baixa na inflação.

"O risco da inflação no ano que vem é para baixo", diz ele. O HSBC prevê inflação de 5,5% em 2013.

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