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Porto seco do RS afunda com greve da Receita e barreiras

Operação-padrão faz caminhões ficarem parados até 15 dias; movimento cai 10%

Travas comerciais argentinas e queda de 4,1% do PIB gaúcho no 1º semestre contribuem para agravar problema

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
KELEN RAUBER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM URUGUAIANA (RS)

Greves, seca e novas barreiras comerciais fizeram o movimento do principal porto terrestre do Brasil desabar em 2012.

Em Uruguaiana, cidade gaúcha na fronteira com a Argentina, a circulação de caminhões de seu porto seco, considerado o maior da América Latina, caiu 10% neste ano em relação a 2011.

Por ali passa grande parte das mercadorias comercializadas entre os dois países. Autopeças, alimentos e calçados são alguns dos principais produtos.

As empresas de transporte dizem que a sequência de paralisações em setores como fiscalização aduaneira e agropecuária afetou mais o desempenho do que as novas travas comerciais que entraram em vigor na Argentina no começo deste ano.

Nos oito primeiros meses, passaram pelo porto seco 57 mil caminhões com destino ao país vizinho, ante 64 mil no mesmo período de 2011, segundo a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais.

Com menos caminhões circulando pela cidade de 125 mil habitantes, o temor é de um efeito cascata sobre a economia local, dependente do setor de serviços. A prefeitura fala em queda na arrecadação e há demissões.

"Uruguaiana vive e respira o transporte. Se para de transportar, o dinheiro para de circular", afirma o empresário da área de logística Gilberto Neri Juliani.

DESEMBARAÇO ZERO

Ao contrário de outras categorias do funcionalismo federal (cujas greves chegaram ao ápice em agosto), os fiscais da Receita não chegaram a um acordo com o governo e promovem desde junho uma operação-padrão, em que as inspeções das mercadorias ficaram mais lentas.

Em Uruguaiana, foi adotada uma mobilização chamada de "desembaraço zero" dois dias por semana.

O resultado foi um aumento generalizado nos prazos de liberação. Os caminhões que precisavam passar pelo chamado "canal vermelho", em que a inspeção é mais complexa, chegaram a ficar 15 dias parados. Antes da greve, 90% das carretas recebiam autorização em até 72 horas.

"A operação-padrão é pior do que uma greve porque vai nos matando aos poucos", diz José Carlos Becker, presidente da associação dos transportadores.

Outro motivo para a queda no movimento é o momento ruim da economia do Rio Grande do Sul.

Com uma longa seca no primeiro semestre, o PIB gaúcho caiu 4,1% no período, segundo a Federação de Economia e Estatística do Estado.

O volume de exportações recuou, até o fim de agosto, 5,9% se comparado ao mesmo período do ano passado.

A direção do porto seco diz que as restrições na Argentina são o principal motivo para a retração e que espera uma recuperação até o fim do ano. Segundo a administração da estação, não houve demissões em seus quadros.

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