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Interior paulista vira palco de guerra das tesouras estreladas

Cabeleireiros Celso Kamura e Wanderley Nunes abrem em Campinas salões de suas grifes, de até R$ 3 milhões

Mercado interiorano chega a representar 18% do lucro das redes, que cobram menos pelos serviços fora da capital

CHICO FELITTI
DE SÃO PAULO
HELOÍSA NEGRÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Celso Kamura está com uma agenda de deixar até cabelo de executivo em pé. Passa três dias da semana em São Paulo, dando conta de tinturas e escovas permanentes de clientes como Grazi Massafera. Outros dois dias da semana são dedicados ao salão que abrirá no Rio até o fim do ano com a sócia Angélica.

No dia útil que sobra da semana, Kamura bate ponto em Campinas, cidade 85 km ao interior de São Paulo. Há dois meses, ele comprou um salão licenciado com sua marca, C.Kamura, no shopping Galeria. "Tinha sócios administando, mas não deu certo."

Enquanto isso, o outro shopping chique da cidade, o Iguatemi, ganhou versão ampliada do Studio W, do cabeleireiro Wanderley Nunes, na cidade há nove anos.

O salão inaugurado em 2012 é três vezes maior que o antigo, no mesmo centro de compras. A mudança adicionou 30 profissionais à folha de pagamento da empresa, passando a linha dos cem contratados.

A Folha apurou que a reforma custou R$ 3 milhões ao Studio W.

Mas a chegada de grifes paulistanas não enfeou o movimento dos concorrentes, dizem salões de luxo locais.

"Nossa clientela aumentou e faremos uma reforma, para melhorar o ambiente. Depois, vamos reajustar o preço do corte, que está em R$ 60", diz a gerente Kakau Martins, do Antony, que tem 11 unidades.

"Mas não cobraremos os preços que eles trouxeram de São Paulo para cá."

CABELO COM MARCA

"A marca também conta", diz a bancária Vanessa Almeida, 30. Ela é conhecida de todos os funcionários do C.Kamura, onde passa ao menos uma vez por semana para manter o esmalte em dia. "São bons profissionais, já estou com eles faz tempo", diz a loira. "Mas é mais caro."

Outros clientes apontam a hiperinflação. "Pago mais do que em outros salões da cidade. Só vale a pena o corte", diz a médica Susana Amaro, 36. Ela deixa manicure e pedicure, que juntos custariam R$ 50 no C.Kamura, para pagar R$ 18 no salão do bairro.

Isso considerando que os serviços no interior, avalia Kamura, são "um pouco mais baratos" do que nos Jardins. Enquanto o corte paulistano vai de R$ 200 a R$ 240, a sucursal de Campinas cobra de R$ 144 a R$ 175.

No Studio W, a diferença é de R$ 60: R$ 215 do corte na capital ante R$ 155 na filial. Os empresários não comentam margem de lucro.

SE MAOMÉ NÃO VAI

Ainda assim, quem antes viajava à capital diz sair no lucro. "Por um bom serviço você tem que pagar", diz o economista Vagner Morin, 65, frequentador do Studio W.

Antes de encontrar o atual cabeleireiro, ele ia mensalmente a salão chique de São Paulo para colorir o cabelo.

A caravana da beleza continua, só que encurtada: 50% dos clientes vêm de cidades da região, como Jaguariúna.

"Campinas é hoje 18% do faturamento", diz Rosângela Barchetta, sócia da rede W.

Mas nem todos querem investir na beleza do interior. "Salão também é luxo, tem que ser exclusivo. Quem quiser me ver que venha a São Paulo", diz Marco Antônio de Biaggi, cabeleireiro de Adriane Galisteu. "Nunca vou abrir um salão fora daqui!"

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