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Brasil sobe como importador e cai como exportador

De 2005 a 2011, país passou do 10º ao 20º lugar em ranking de compradores de manufaturas estrangeiras

Estudo de instituto industrial aponta como pior problema a queda de 26º para 29º entre os que mais exportam

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

O Brasil subiu dez posições no ranking dos maiores importadores de manufaturados entre 2005 e 2011.

No mesmo período, caiu três degraus na lista dos maiores exportadores.

Os movimentos mostram que, em vez de ganhar relevância como exportador de bens industrializados, como sempre almejou, o país vem aumentado seu papel como grande mercado consumidor.

É o que mostra um estudo recém-concluído do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), realizado com base em dados da OMC (Organização Mundial do Comércio).

De acordo com o levantamento, o país já é o 20° maior comprador de manufaturas do mundo. A fatia brasileira das importações mundiais dobrou em seis anos, para 1,4% -bem mais do que os 0,7% de participação nas exportações globais.

A forte expansão da demanda no período, impulsionada pelo crédito, explica parte do fenômeno. Mas esse é apenas um lado da mudança, relacionada também com baixa competitividade, câmbio desfavorável e falta de políticas de atração de setores intensivos em tecnologia.

As fragilidades da indústria foram evidenciadas pela crise de 2008, que forçou economias desenvolvidas a buscarem novos mercados.

"A crise transformou nossos problemas em um problemão", resume um dos responsáveis pelo estudo, Julio Gomes de Almeida, economista da Unicamp (Universidade de Campinas) e ex-secretário de Política Econômica. "Temos alto custo de produção e viramos esteio para os países industrializados."

Os aumentos mais expressivos de compras de outros países ocorreram em setores onde os chineses geram forte concorrência, como têxteis, vestuário e acessórios, e onde o setor produtivo nacional não é forte, como equipamentos de informática.

Atualmente, de cada dez insumos usados pela indústria, 2,2 são importados -era 1,37 em 2005, de acordo com a CNI (Confederação nacional da Indústria).

"Muitas vezes vai além do uso do insumo. Há empresas que deixaram de produzir no Brasil, passando a importar e a vender produtos de fora, com a sua marca", aponta José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

Os números também refletem a expansão da economia brasileira, o que é positivo, mas esse consolo não pode ser observado na posição do Brasil no ranking dos exportadores de manufaturas.

Nos últimos seis anos, o país caiu da 26ª posição para a 29ª. "Isso é até mais preocupante do que o nosso 'pulo' no ranking dos importadores. A indústria não consegue oferecer seus produtos a preços interessantes lá fora", afirma a economista Cristina Reis, consultora do Iedi.

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