Supermercados freiam avanço do varejo

O mau desempenho de supermercados e alimentos desacelerou o movimento de alta nas vendas do comércio varejista que durava três meses, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada ontem pelo IBGE.

O indicador que mede a evolução das vendas no varejo teve alta tímida, de 0,2% em agosto na comparação com o mês anterior.

O desempenho, ainda que em nível mais baixo, completa três meses de expansão: em julho foi 1,4%, e, em junho, de 1,6%.

Economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Bruno Fernandes afirma que o índice perdeu força devido principalmente às altas verificadas nos meses anteriores a agosto.

Esses resultados tiveram o impacto positivo das vendas de bens duráveis, como eletrodomésticos, favorecidas pelos incentivos de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Para setembro, a tendência seria de estabilidade, e, a partir deste mês, as vendas de final de ano começarão a aparecer nas estatísticas, segundo Fernandes.

A estimativa da CNC é que 2012 termine com vendas melhores que as do ano passado: alta de 8%, ante 6,7%.

"Embora a economia ande de lado neste ano, a manutenção do emprego, mesmo que em níveis mais baixos, e as medidas de estímulo ao consumo vão garantir um resultado mais favorável que o de 2011", disse Fernandes.

No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, as vendas avançaram 9%.

IMPACTO DOS PREÇOS

Segundo o economista, a queda de 1,1% nas vendas de alimentos e dos supermercados em agosto é explicada pela alta da inflação.

"O choque de oferta está pressionando o preço dos alimentos para cima. As pessoas não deixam de consumir produtos básicos, mas evitam comprar os supérfluos e os mais caros", explicou.

A expectativa de que o governo fosse acabar com o incentivo de IPI para veículos turbinou as vendas do comércio para o item -alta de 7,7%.

Ao lado de material de construção, os veículos foram responsáveis pela elevação de 2,7% em agosto do chamado varejo ampliado, que engloba todas as categorias mais esses dois itens.