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Intervenções de Dilma e PIB fraco afastam investidores estrangeiros

Aplicação em ações e papéis de dívida cai 80% desde o início do atual governo, em janeiro de 2011

Executivo do Morgan Stanley compara medidas recentes de Dilma a ações de Chávez e Cristina Kirchner

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Investidores estrangeiros dizem que o intervencionismo da presidente Dilma na economia e o baixo crescimento do PIB estão reduzindo seu interesse pelo Brasil.

Em janeiro de 2011, quando Dilma assumiu, o investimento externo líquido em ações e títulos de dívida acumulado em 12 meses era de 1,8% do PIB, segundo cálculos da Quest Investimentos.

Esse número foi caindo gradativamente até chegar a 0,3% do PIB em agosto de 2012. Os investimentos de estrangeiros em ações e dívida do governo e privada, entradas menos saídas, recuaram 80% de janeiro de 2001 a agosto deste ano, quando ficaram em US$ 13 bilhões no acumulados em 12 meses.

Esses números transmitem melhor o humor dos investidores, porque são mais voláteis do que investimento estrangeiro direto e menos influenciados por uma única grande operação.

O investimento direto se manteve relativamente estável no período. Representava 2,3% do PIB em janeiro de 2011 (acumulado em 12 meses) e, em agosto deste ano, equivalia a 2,8% do PIB.

"É uma decepção: o Brasil terá crescimento de cerca de 1,5% a 2%, nem a metade da média dos emergentes", disse Ruchir Sharma, chefe da área de Mercados Emergentes do Morgan Stanley.

"Para completar, o governo adotou medidas intervencionistas que aproximam o Brasil de países como Argentina e Venezuela e terão efeito negativo no longo prazo."

Segundo Michael Shaoul, presidente da Marketfield Asset Management (que administra US$ 3,5 bilhões), "o governo implementou uma série de medidas anticapital que podem até ser boas para a população, que vai pagar menos juros no cartão de crédito, mas que não agradam ao investidor."

Ao longo deste ano, o governo Dilma pressionou a redução dos juros cobrados de clientes, usando a concorrência dos bancos públicos, além de "broncas" públicas.

A Anatel suspendeu as vendas de planos de celular, exigindo melhora da qualidade do serviço. Dilma lançou um pacote de energia que condicionava a renovação das concessões das elétricas a reduções nas tarifas.

"O governo começou a caça às bruxas contra os bancos, as ações despencaram. A Dilma espremeu as elétricas, e os papéis desabaram -está muito difícil investir no Brasil", diz um dos maiores operadores estrangeiros da Bovespa, que pediu para não ter seu nome revelado.

"O México está muito mais atraente -cresce mais e o governo não intervém tanto."

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