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YouTube tira foco amador e aposta em Madonna

Antigos criadores perdem 90% da receita com priorização de vídeos profissionais

Muitos usuários buscam outras alternativas para divulgar seu trabalho; grandes anunciantes elogiam mudança no site

DA REUTERS

Após anos de dificuldade, a produtora de vídeo Driving Sports TV começou a se bancar com a receita publicitária obtida no YouTube em 2010.

No ano passado, porém, perdeu popularidade e teve receita quase 90% menor.

Para a produtora, o espaço foi perdido para vídeos profissionais.

Depois de se tornar o mais popular site de vídeo devido aos produtores amadores, o YouTube, do Google, adota uma nova estratégia: aposta em produtores profissionais.

Há 12 meses, o YouTube licenciou conteúdo original para disputar verba publicitária com canais de TV, serviços de vídeo como o Netflix e sites rivais como o Yahoo!.

Tom Hanks e outros atores famosos desenvolvem projetos no YouTube, enquanto Madonna e Jay-Z trabalham como "curadores" de canais de vídeo, o que criou uma hierarquia em um site que cada vez mais se parece com Hollywood.

A chegada de dinheiro e celebridades isolou os "YouTubers" originais -os sabichões caseiros e guitarristas aspirantes que popularizaram o site nos seus anos iniciais.

Em julho, durante conferência de criadores para o YouTube, Jim Louderback, presidente da Revision3, uma rede de vídeos digitais, disse que os usuários desencantados do YouTube estavam fugindo rumo a outros sites.

Ele disse que muitos usuários bem-sucedidos do YouTube já exploram o vídeo visto na web em aplicativos fora do site do Google.

Ele mesmo passou a hospedar seus vídeos no site da sua companhia.

"Se você tem conteúdo de ótima qualidade, é possível encontrar audiência em qualquer lugar", afirmou.

LUCROS MAIORES

Os executivos do YouTube afirmam que tentam manter satisfeitos todos os produtores de vídeo do site. Mas não resta dúvida de que a profissionalização está favorecendo os negócios da unidade.

"Nossos grandes anunciantes apreciam o caminho que o YouTube tomou", disse Andy Chapman, diretor de investimento digital da Mindshare, agência de publicidade que atende empresas como Unilever e LG Electronics.

"Para alguns, essa é a direção em que o mercado irá."

O YouTube já contribui com cerca de US$ 3,5 bilhões no lucro do Google a cada ano, e esse número deve subir, segundo analistas.

Nos EUA, por exemplo, a receita com publicidade em vídeos digitais deve crescer de US$ 2,3 bilhões, neste ano, para US$ 7 bilhões, em 2015, quando cerca de 40% dos norte-americanos assistirão à TV on-line, segundo a consultoria eMarketer.

AJUDA PARA O TOPO

Similares a atores iniciantes, os aspirantes ao sucesso no YouTube se concentraram em Los Angeles na esperança de se tornarem astros.

Todo um novo setor de empresas iniciantes de produção surgiu rapidamente. Elas assinam contratos com produtores de vídeos famosos no YouTube e os ajudam a negociar acordos publicitários e de merchandising.

Os amadores do site afirmam que está quase impossível chegar ao topo sem apoio dessas redes, controladoras do acesso ao estrelato.

O YouTube também se beneficia das novas redes. Uma delas, a Big Frame, assinou os acordos publicitários com Levi's e Electronic Arts para melhorar a reputação do site como veículo publicitário, diz Jamie Byrne, que comanda o setor de produções originais do YouTube.

Nem todos os amadores do YouTube se sentem ameaçados pela transição rumo ao profissionalismo, devido à verba publicitária e aos contatos com Hollywood.

Em maio, o YouTube revelou que "milhares" de seus astros agora faturam centenas de milhares de dólares ao ano no site.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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