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Após evento, Paraty perde internet prometida

Virada teve isenção fiscal, mas retirou banda larga; organizador diz que perdeu patrocínio

ANDRÉ BARCINSKI
COLUNISTA DA FOLHA

Um evento de inclusão digital, bancado por isenção fiscal e patrocinado por estatais e empresas do setor de telecomunicações, prometia deixar à cidade de Paraty (RJ) um legado de tecnologia e infraestrutura de internet.

Passados cinco meses, no entanto, só restaram dívidas, frustração e promessas.

A Virada Digital aconteceu de 11 a 13 de maio em Paraty, com apoio da prefeitura, dos governos federal e do Estado do Rio e patrocínio da Petrobras, da Caixa Econômica Federal, da Embratel e da Cisco.

Foram realizados debates e palestras sobre cultura digital e instalados pontos de internet de alta velocidade gratuita para a população.

Os organizadores prometeram que um cabeamento de fibra ótica de 100 MB de velocidade ficaria para a cidade.

"Ela (a fibra ótica) veio do mar através de Trindade (...). Essa fibra ótica ficará na cidade após o evento, é compromisso da Embratel, o que representará um salto de qualidade no serviço de internet em Paraty", afirmou Roberto Andrade, organizador da Virada Digital, ao site Paraty.com, em abril de 2012.

A Embratel, no entanto, não confirma a informação. Procurada pela Folha, a empresa afirmou: "A estrutura utilizada na cidade de Paraty foi projetada especificamente para o evento Virada Digital. (...) Novas ações na região serão divulgadas conforme agenda da empresa".

"A internet aqui é tão ruim que até parece aqueles telefones de fio e caixas de fósforos que fazíamos quando crianças", diz Amaury Barbosa, secretário de Cultura de Paraty.

Outra reclamação se refere a informática. O release da Virada diz: "Todo o aparato tecnológico do evento, como (...) computadores, será doado à cidade".

OUTRO LADO

"Estávamos contando com o apoio de uma grande marca de computadores", disse Roberto Andrade. "Fomos avisados na véspera de que a marca não participaria. Reconheço que deveríamos ter retirado do release o assunto dos computadores", afirma.

O evento deixou dívidas com agências de turismo, pousadas, restaurantes e profissionais da cidade. A Folha apurou 11 casos, com dívidas que vão de R$ 5.000 a R$ 160 mil.

A Virada Digital teve a captação de recursos aprovada pelo Ministério da Cultura

(R$ 2,3 milhões) e por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro (R$ 1,47 milhão). A Folha confirmou que a Petrobras (R$ 600 mil) e Embratel (R$ 150 mil) usaram a Lei do Rio.

O site da Virada Digital informa que o evento volta a acontecer em 2013, no Rio, e em 2014, nas sedes da Copa.

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