Foco

Disputa por royalties do petróleo vira samba-enredo

Terminou literalmente em samba a disputa pelos royalties do petróleo: a escola Grande Rio escolheu no sábado a música que ilustrará seu enredo sobre o projeto de repartição do tributo.

A agremiação do Grupo Especial conta com o apoio financeiro de municípios do norte fluminense.

Batizado de "Amo o Rio e Vou à Luta: Ouro Negro sem Disputa", o enredo defende a posição do governo do Rio, contrário à mudança na lei cuja proposta reduz o quinhão a ser repassado ao Estado (de onde se extrai mais de 80% do petróleo nacional) e aos municípios fluminenses produtores de petróleo.

Alguns versos fazem uma defesa explícita do Estado: "Se faltar, vira o caos/Eu não posso deixar [diminuírem os royalties]/Pelo Rio eu vou lutar". O subtítulo do enredo é ainda mais direto: "Contra a Injustiça e em Defesa do Rio".

À Folha o presidente da Grande Rio, Edson Alexandre, diz que não houve interferência política. "Estava na praia com amigos e dirigentes da escola quando surgiu a ideia: vamos falar de petróleo", afirmou, ressaltando a importância do produto para economia do Rio.

Segundo Alexandre, surgiu primeiro o enredo. Só depois de o tema ser anunciado, diz, é que a escola foi em busca de patrocínio.

Até agora, obteve R$ 500 mil da Ompetro (Organização dos Municípios Produtores de Petróleo). "Eles prometeram mais. O patrocínio pode chegar a R$ 2 milhões."

A arrecadação das escolas de samba do Grupo Especial é de R$ 6 milhões com repasse de bilheteria e cotas de TV.

O presidente afirma que o enredo vai "nacionalizar" a discussão dos royalties -cujo projeto deve ser votado no Congresso depois do segundo turno das eleições.