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Final de "Avenida Brasil" vai deixar conta de luz mais cara

Último capítulo da novela exige reforço de usinas térmicas cuja energia custa seis vezes mais

Operador nacional espera pico de consumo quando espectadores saírem ao mesmo tempo da frente da TV

Renato Rocha Miranda/Rede Globo
Carminha acaba com casamento de Nina em cena que foi ao ar no final do mês de agosto
Carminha acaba com casamento de Nina em cena que foi ao ar no final do mês de agosto

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Tufão, Carminha e Nina devem mexer hoje com o setor elétrico brasileiro. O último capítulo da novela "Avenida Brasil" contará com o reforço das termelétricas a óleo combustível, cuja energia é seis vezes mais cara que a fornecida pelas hidrelétricas.

Com o atraso das chuvas, serão delas a missão de suportar o pico de consumo que deve acontecer quando o último capítulo da novela terminar e o público sair do sofá para tomar banho, ligar a lavadora ou passar a camisa do dia seguinte.

A expectativa é que as pessoas adiem para logo depois da novela atividades que normalmente fazem antes ou durante o folhetim global.

A previsão do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) é a de que esse movimento concentrado provoque um pico de consumo maior que o normal.

Na última quarta-feira, por exemplo, o consumo foi de 69,6 mil MW, mas o ONS quer estar preparado para suportar até 76,7 mil MW, o recorde de demanda, alcançado em 8 de fevereiro deste ano.

O problema é que é preciso preservar o nível dos reservatórios, já baixos por causa da estação seca.

Por isso será preciso ligar pela primeira vez no ano usinas movidas à queima de óleo, cuja energia é mais cara que a das termelétricas a gás, já em operação.

USINAS MENORES

O efeito de "Avenida Brasil" no sistema elétrico pode surpreender, mas, segundo estudiosos do setor, ele é resultado de uma escolha que deixa o país mais dependente das termelétricas para atender o horário de pico.

Isso porque, para evitar restrições ambientais e acelerar o licenciamento, o governo abandonou a construção de hidrelétricas capazes de acumular água e aceitou projetos com reservatórios menores, as "fio d'água".

São os casos de usinas hidrelétricas como Belo Monte, Teles Pires, Jirau, Santo Antônio e Estreito.

Embora a construção delas provoque impacto ambiental menor, há uma contrapartida quando o ONS é obrigado a ligar térmicas caras e poluentes para atender ao país, como ocorreu ontem.

PESO NA CONTA DE LUZ

As termelétricas a óleo combustível vão substituir 2.100 MW que estavam sendo gerados pelas usinas hidrelétricas.

Embora seja apenas 3% do total, o impacto é significativo porque cada megawatt-hora custa R$ 700. Hidrelétricas têm custo inferior a R$ 100, e termelétricas a gás custam cerca de R$ 300 por MWh.

O efeito nas contas de luz deve aparecer no segundo semestre de 2013, quando ocorrem os reajustes das tarifas.

A decisão era ligar as térmicas em setembro, mas o ONS esperou o início das chuvas, que atrasou.

O nível dos reservatórios no Sudeste e no Centro-Oeste é de 41,8%. No Nordeste, o conjunto das hidrelétricas está com 37,4%. No Sul, o nível é de 38%, e, no Norte, 46%.

O próximo passo, se as chuvas atrasarem mais, será ligar as térmicas a óleo diesel. Essas custam quase R$ 1.000 MWh.

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