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Banco apostava em taxas agressivas e crédito arriscado

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Focado em indústrias de médio porte, um dos segmentos mais carentes de crédito, o Banco BVA financiava metalúrgicas, usinas e frigoríficos importantes, que, muitas vezes, tinham seus pedidos negados por outras instituições financeiras.

Para essas empresas, o banco adiantava capital de giro, descontava duplicatas, dava cartas de fiança, fazia o câmbio para eventuais importações e exportações, entre outras operações.

O banco cobrava caro pelos empréstimos, mas também pagava alto para levantar dinheiro com os investidores, ficando conhecido por oferecer algumas das taxas mais agressivas do mercado.

O BVA navegou bem enquanto a produção e as vendas dessas empresas cresciam com vigor. No entanto, a desaceleração chegou, elevou a inadimplência e o atraso nos pagamentos.

Com muitos empréstimos feitos e pouco capital próprio, o banco não conseguia atender as exigências de aumento de provisões para cobrir eventuais calotes.

BUSCA DE SÓCIOS

Desde o final do ano passado, os dois principais sócios, que agora ficaram com os bens indisponibilizados -José Augusto Ferreira dos Santos, o fundador, com quase 80% das ações ordinárias (com voto), e Benedito Ivo Lodo, com 20%-, buscavam sócios para aportar capital e manter o banco operando.

Em junho, o BVA ficou fora das exigências do Banco Central, com índice de Basileia, um indicador de solvência, em 9,5% -o mínimo é 11%, o que significa que, para R$ 100 emprestados, pelo menos R$ 11 devem ser de capital próprio do banco.

Uma injeção de R$ 100 milhões por novos sócios sanou o problema.

O banco atrasou a publicação de balanços, aumentando os rumores sobre a situação e levando investidores a resgatar os CDBs.

Apesar de ter sete agências, o BVA não tinha correntistas pessoa física.

Com a intervenção, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) deve arcar com R$ 1,2 bilhão para cobrir 29% do total de CDBs do banco.

Os pagamentos começam na próxima semana. Tem direito ao reembolso os investidores que tinham CDBs de até R$ 70 mil e CDBs com garantia especial de até R$ 20 milhões (chamados DPGE).

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