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Análise

Mesmo com preços em alta, juros vão permanecer baixos

O objetivo do BC tem sido muito mais estimular a atividade econômica do que manter a inflação próxima ao centro da meta

JUAN JENSEN
ESPECIAL PARA A FOLHA

O IPCA-15 de outubro, de 0,65%, confirmou o cenário de manutenção da inflação em patamar elevado.

Parte importante da explicação para o nível elevado do indicador reside nas pressões de alimentos.

Além de questões sazonais, a inflação de alimentos tem atingido variações particularmente elevadas em razão do repasse de preços ao consumidor final do choque de oferta de grãos ocorridos no começo do segundo semestre.

Mas a questão inflacionária ultrapassa as pressões estritas em alimentos. Prova disso são os patamares expressivos alcançados pelos núcleos do indicador, mesmo aqueles que excluem de seu cálculo as oscilações de preços de alimentos.

Assim, mesmo com a expectativa de desaceleração de alimentação nos próximos meses, especialmente a partir de dezembro, deve-se continuar a observar no IPCA variações mensais acima de 0,50%.

Dessa forma, a inflação medida pelo índice deve ficar em 5,4% neste ano, e estimamos a mesma variação para 2013.

A despeito desse cenário, o Banco Central seguiu reduzindo a taxa de juros e sinalizou, na ata referente à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, a manutenção da Selic no nível de 7,25% ao ano (o mais baixo da história) por um período "suficientemente prolongado".

De fato, o objetivo do Banco Central tem sido muito mais estimular a atividade econômica do que manter a inflação próxima ao centro da meta.

SÓ NO FIM DE 2014

Diante dessas sinalizações e do objetivo do governo de manter a taxa básica baixa (esse é um objetivo da presidente Dilma Rousseff), a expectativa da Tendências para a curva de juros passou a contemplar elevação da Selic apenas no fim de 2014.

Certamente esse patamar da taxa de juros não é compatível com a convergência da inflação ao centro da meta nos próximos anos.

Por outro lado, as medidas de desoneração tributária de itens com elevado peso no IPCA, como a redução do preço de energia elétrica ao consumidor em 2013, bem como medidas macroprudenciais, devem ser usadas para combater as pressões inflacionarias que surgirão em um ambiente de atividade econômica mais forte.

JUAN JENSEN é professor do Insper e sócio da Tendências Consultoria.

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