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Eike nega venda de construtora de navios

Empresário descarta negociar OSX com a Sete Brasil, que tem Petrobras como sócia, e diz que empresa é autossustentável

Bilionário afirma que, em conversa com Graça Foster, se comprometeu a não 'roubar' mais funcionários da estatal

Danilo Verpa - 25.mai.12/Folhapress
O empresário Eike Batista
O empresário Eike Batista

DO RIO

Eike Batista diz que os tempos de relacionamento difícil com a Petrobras são passados. Em 2007, quando fundou a OGX, de exploração de petróleo, o empresário contratou, a peso de ouro, vários técnicos da estatal.
O bilionário diz que em uma conversa com Graça Foster, presidente da Petrobras, comprometeu-se a não mais "roubar" técnicos da estatal e nega que vá vender a OSX, braço de construção naval, para a Sete Brasil, que tem entre seus sócios a Petrobras.

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Folha - O sr. pensa em vender a OSX para a Sete Brasil?
Eike Batista - Não. A OSX ficou muito grande, é autossustentável. Então, deixa ela ficar sozinha. Talvez no futuro, mas hoje deixa do jeito que está. Agora não me interessa, mas já me interessou. Os contratos com a OSX, aliás, mostram que não existe mais dependência entre as empresas do grupo.

Quando o sr. criou a OGX [exploração de petróleo], seu relacionamento com a Petrobras não era dos melhores, por ter tirado muitos técnicos de lá para sua empresa. A relação continua difícil?
Hoje tenho o compromisso de não tirar mais gente de lá. Sem autorização, não tem conversa. A não ser o cara que esteja se aposentando, aí não tem problema.

Gostaria de ter fundos de pensão brasileiros como sócios?
Lógico. Sabe o que acontece quando o gringo é meu sócio? Ele quer o dividendo e a grana vai sair do Brasil. Como eu sempre fui voltado para fora, os fundos que investem em mim são de fora.
Esse é meu viés. Eu sou um cara que veio de fora para dentro. A minha riqueza até o ano 2000 eu criei fora. Só que é um patrimônio brasileiro no exterior. É declarado.

Incomodou a divulgação de que 72,5% de seu patrimônio está no exterior?
Do jeito que colocam, me incomoda, sim. Noventa por cento do meu capital produtivo é investido no Brasil. E os milhares de brasileiros que eu emprego? Hoje tenho 6.000 no Porto do Açu.

Tom Jobim dizia que no Brasil sucesso é ofensa pessoal. O senhor acha que algumas pessoas têm inveja de sua vida?
Com certeza. A turma da minha geração pensa: "Cadê a teta do governo para eu ganhar um contrato?". Não tenho contrato com governo. Tenho meus bilhões em risco.

Por que alguns de seus projetos estão atrasados?
Projetos atrasam. A siderúrgica da Térnium era uma âncora inicial [do Porto do Açu] e não veio ainda por falta de gás natural. Mas o Açu se transformou em um polo para a indústria "offshore". A Technip, a National Oilwell Warco, a Intermoore e a Subsea7 já estão colocando suas estruturas lá. Só esse pessoal paga R$ 100 milhões de aluguel, antes mesmo de o porto funcionar. Diante desse contexto, dane-se a siderúrgica.
Se os aeroportos do Brasil são ruins, os portos são jurássicos. Investi lá atrás, em 2005. Para licenciar essa geringonça, dei metade da área para o [secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos] Minc. Não queria que o cara me atravancasse. Estou gastando R$ 100 milhões por mês no investimento e não posso parar.

Não há um entusiasmo exagerado seu quando anuncia seus projetos? Em 2010 o senhor disse que construiria carros elétricos no Porto do Açu até 2012, mas isso está longe de ser uma realidade.
Eu sou bom de dar manchete. Mas na época eu estava estudando isso de fato. Ia fazer uma fábrica meio a meio com a Nissan, que não foi para frente. O negócio é assim, dinâmico.

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