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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Saiba como investir em um ambiente de taxas de juros baixas

Conforme decisão tomada na mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a meta da taxa Selic atinge 7,25% ao ano, menor nível desde março de 1999, quando passou a ser apurada.

Para investidores brasileiros, acostumados a ganhar juros generosos, não está sendo fácil aceitar remuneração bem inferior ao padrão observado em anos passados e manter o incentivo de poupar. Essa queda nominal dos juros ocorreu em um período no qual a inflação não caiu na mesma proporção.

Dessa forma, a taxa de juros real da economia brasileira caiu significativamente. Essa é, na verdade, a taxa que importa. É ela que indica quanto o seu patrimônio cresceu de fato, depois de descontada a inflação que reduz o seu poder de compra.

Observe no gráfico a redução do juro real no Brasil nos últimos dez anos. A média foi de 11,5% ao ano no período de 2002 a 2005; 6,9% ao ano de 2006 a 2010; em 2011, não passou de 4,5% ao ano; em 2012, deve fechar na faixa de 1,7% ao ano. Se serve de consolo, saiba que o juro real do Brasil ainda é o quarto maior do mundo -só perde para o de China, Chile e Austrália.

Como você pode observar no quadro, diversos países do mundo estão operando com juro real negativo, punindo o investidor que precisa proteger seu patrimônio contra o risco da inflação.

Essa é a nova realidade dos fatos. E não há muito o que fazer a respeito. Sabemos que o juro real remunera o risco do investidor e ajuda a pagar a conta das taxas operacionais e impostos.

Entretanto, em patamar tão baixo, o investidor precisa redobrar sua atenção em relação aos custos, única variável que você pode negociar.

Há casos em que a rentabilidade real, líquida, é negativa. Vamos examinar como ficam as principais modalidades de investimento nesse patamar de juros e quais precisam de nossa atenção.

POUPANÇA

A poupança antiga reina absoluta e oferece rentabilidade de 6,17% ao ano, livre de custos e de impostos. Para ganhar essa rentabilidade, você teria de fechar uma operação de CDB a 100% da taxa DI e esperar pelo menos dois anos para pagar somente 15% de imposto.

Enquanto a taxa Selic permanecer no patamar atual de 7,25% ao ano, os depósitos feitos a partir de 4 de maio deste ano receberão juros de 5,07% ao ano.

CDB

Para ganhar a mesma rentabilidade da poupança nova, você precisa ganhar 90% da taxa DI em operações de até 180 dias. Se você não obtiver essa cotação, deixe o dinheiro na poupança.

FUNDOS

No caso dos fundos DI, pague taxa de administração de no máximo 1,2% ao ano. Esse é o ponto de equilíbrio para receber a mesma rentabilidade da poupança nova, depois de pagar 15% de IR. Para ganhar da poupança antiga, a taxa de administração teria de ser zero.

TESOURO DIRETO

Se considerarmos custo de 0,60% ao ano mais imposto de 15%, sua rentabilidade em uma LTF (Letra Financeira do Tesouro) será maior do que a da poupança nova, mas inferior à da poupança antiga.

Se seu horizonte de tempo for longo, prefira as Notas do Tesouro, que pagam a variação do IPCA mais juro real.

OUTROS INVESTIMENTOS

Há alternativas de investimento mais arriscadas, com maior retorno potencial no longo prazo: fundos de renda fixa concentrados em risco de crédito; fundos multimercado que assumem posições de risco em moedas, derivativos e ações; fundos de renda fixa com títulos atrelados a índices de preços; fundos de ações; fundos imobiliários; debêntures incentivadas.

Diversifique se tiver tolerância a risco e se fizer sentido em relação a seus objetivos de investimento. Resista à tentação de consumir mais nesses tempos de juros mais baixos e não deixe de poupar pensando no futuro.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Insti-
tute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.
@bmibrasil

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