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Ex-dono do Cruzeiro do Sul é preso sob a suspeita de crime financeiro

Advogado diz que não entende motivo de prisão preventiva, pois entregou passaporte de banqueiro

Com rombo contábil de R$ 3,1 bi, instituição foi liquidada pelo BC em setembro, por falta de comprador

TONI SCIARRETTA
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Polícia Federal prendeu ontem o banqueiro Luis Octavio Indio da Costa, ex-dono e ex-presidente do Banco Cruzeiro do Sul, instituição liquidada pelo Banco Central no mês passado.

Com um rombo contábil de R$ 3,1 bilhões no banco, Indio da Costa é suspeito de crimes contra o sistema financeiro e crimes contra o mercado de capitais, além de lavagem de dinheiro, segundo a Polícia Federal.

Por esses crimes, pelos quais deverá ser indiciado pelos policiais, o banqueiro pode pegar entre 1 e 12 anos de prisão, caso seja condenado.

A Folha procurou o advogado Roberto Podval, que defende Indio da Costa, que disse que ainda não teve acesso ao pedido de prisão.

Podval disse ainda que não entende o motivo da prisão preventiva, uma vez que entregou o passaporte do banqueiro à Polícia Federal.

A prisão aconteceu em sua casa, em condomínio na Granja Vianna, em Cotia (região metropolitana de SP), em cumprimento a mandado de prisão preventiva expedido pela 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, em razão de um inquérito policial que tramita na Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros.

No pedido à Justiça, a PF solicitou também a prisão preventiva do empresário Luis Felipe Indio da Costa, pai de Luis Octavio e também ex-dono do banco, mas a Justiça ainda não atendeu.

FRAUDE

O inquérito foi instaurado em junho de 2012 após o Banco Central constatar fraudes contábeis e indícios de operações de crédito fictícias no Banco Cruzeiro do Sul.

Segundo a PF, ao longo da investigação foram detectados outras condutas criminosas em fundos de investimento, que deixaram como vítimas dezenas de investidores.

Antes da crise do Cruzeiro do Sul, o banqueiro ficou conhecido pelas festas dadas a até mil convidados em sua casa, em Cotia.

Em 2009, patrocinou um show com cantor americano Tony Bennett em comemoração dos 15 anos do banco e um concerto com o britânico Elton John na Sala São Paulo. Também namorou a apresentadora Daniela Cicarelli.

Antes de liquidar o Cruzeiro do Sul, o Banco Central nomeou como interventor o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), com a missão de encontrar um comprador e de negociar com os credores.

O fundo chegou a propor um "perdão" de 49% para os credores, mas a operação não foi adiante pela falta de um comprador para o banco.

A venda do banco foi inviabilizada por uma série de questões legais e comerciais. O negócio de crédito consignado já não atraia mais os grandes bancos, que podem fazer esses empréstimos com menor custo nas agências.

O comprador teria ainda de trazer pelo menos R$ 700 milhões ao Cruzeiro do Sul. O que mais interessava era um crédito tributário que poderia chegar a R$ 1 bilhão, mas esse crédito foi calculado com base em empréstimos que são contestados.

COBERTURA

Segundo o BC, cerca de 35% dos depósitos do banco contavam com garantia do FGC. O fundo cobre CDBs em até R$ 70 mil por CPF e até

R$ 20 milhões para as aplicações que contavam com seguro especial (o DPGE).

Com a liquidação, o banco deixou de funcionar operacionalmente. As unidades do Cruzeiro do Sul foram fechadas, e a maioria dos funcionários, dispensada. As ações perderam todo o valor e deixaram de ser negociadas na Bolsa de Valores.

O trabalho em curso do liquidante é fazer um inventário de tudo o que pode ser vendido e convertido em dinheiro para pagar os credores. Os primeiros a receber são os funcionários.

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