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Análise Guerra dos juros

Dados sobre tarifas de bancos são imprecisos

Há problemas como falta de padronização do sistema em relação à forma de cobrança e também à peridiocidade

ROBERTO LUIS TROSTER
ESPECIAL PARA A FOLHA

COMPLICANDO AINDA MAIS O QUADRO ATUAL, OS BANCOS VENDEM PACOTES DE SERVIÇOS -ALGO PARECIDO COM O QUE FAZ O SETOR DE TELEFONIA-, ENTÃO NÃO HÁ COMO SABER O QUE SE ESTÁ PAGANDO

É fato, há distorções no preço das tarifas bancárias.

É um tema recorrente que não se resolve e é importante que seja.

É um debate que é feito no escuro, no qual a única informação precisa é o número de reclamações, as demais são confusas e dispersas.

Os levantamentos de preços são falhos e os serviços cobrados são heterogêneos e também segmentados.

As estatísticas de tarifas são dos institutos que calculam a inflação e de alguns órgãos de defesa do consumidor, usam poucos itens de algumas instituições e acompanham sua evolução.

Essas estatísticas capturam uma parcela de produtos que não é representativa do que é realmente cobrado.

O Banco Central captura mais produtos e indica os preços, mas não calcula a sua evolução nem qual é a composição da receitas de tarifas de cada banco.

Há levantamentos usando os balanços publicados, mas, como não há detalhes sobre a composição da base de clientes e dos serviços prestados, o espaço para especulações é grande.

Complicando ainda mais o quadro atual, os bancos vendem pacotes de serviços -algo parecido com o que faz o setor de telefonia-, então não há como saber o que se está pagando.

Há também gratuidades para compensar a fidelidade do cliente e cobranças para compor a margem das operações financeiras.

PADRONIZAÇÃO

Agravando o quadro, não há uma padronização no sistema. Em alguns casos é cobrada por evento, em outros incluída num pacote.

A periodicidade varia entre as instituições financeiras. A tributação é específica em cada município para cada serviço.

Os bancos segmentam a clientela, de forma que, para alguns produtos, a tarifa máxima é 20 vezes maior do que a média.

Em síntese, o que acontece com as tarifas é um verdadeiro balaio de gatos.

TRÊS MEDIDAS

É importante que isso seja resolvido. Três medidas são suficientes:

a) padronizar a nomenclatura e a periodicidade das tarifas;

b) exigir um preço único, sem descontos, para a mesma operação, para todos os clientes -algo semelhante à conta de água, de luz ou de pão na padaria; e

c) o cálculo de três conjuntos de índices de preços de tarifas: geral, por instituição e por produtos.

Em síntese deve-se exigir o mínimo de transparência do sistema bancário, que cobra tantas informações dos seus clientes.

ROBERTO LUIS TROSTER, da Troster e Associados, é doutor em economia pela USP (Universidade de São Paulo) e foi economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e da ABBC e professor da USP e PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
robertotroster@uol.com.br

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