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Santander vê margem encolher no crédito

Como Bradesco e Itaú, banco privado de origem espanhola faz mais empréstimos com risco e ganho menores

No mundo, instituição lucra no trimestre só € 100 mi, resultado 94,5% menor devido a provisões imobiliárias

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Menor dos grandes bancos privados, o Santander também sentiu um estreitamento das margens de ganho com empréstimos no terceiro trimestre, tendência que deve se intensificar nos próximos meses se perdurar as taxas de juros baixas e a concorrência agressiva com as instituições financeiras públicas.

Diferentemente de Bradesco e Itaú, porém, a subsidiária do gigante espanhol teve diminuição nas margens de ganho com financiamentos só na comparação com o trimestre anterior -caiu 0,8%, de R$ 6,354 bilhões para R$ 6,308 bilhões, entre o segundo e o terceiro trimestres.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2011, houve crescimento de 17,5%, resultado da expansão de 10,5% dos empréstimos.

Segundo Marcial Portela, presidente do Santanter Brasil, a redução nos ganhos decorre de uma mudança no perfil de empréstimos do banco, que passou a privilegiar segmentos de menor risco.

"Tivemos uma leve queda de margem que incorpora créditos com "spread" [diferença entre a taxa paga aos investidores e emprestada ao cliente] menores. Na margem, todos os bancos estão com níveis de "spread" abaixo do habitual. Os bancos estão incorporando menos "spread" de cheque especial e mais de imobiliário", disse.

O banco terminou o trimestre com lucro de R$ 591 milhões, 31,7% menos do que no mesmo período de 2011.

Como no caso de Itaú e Bradesco, esse ganho menor no crédito tende a reduzir também a rentabilidade patrimonial, principal indicador de retorno do dinheiro investido pelo acionista e o que melhor pode ser comparado com os juros do país.

A rentabilidade do Santander caiu de 14% para 11,7%, na comparação do terceiro trimestre de 2011 com o mesmo período deste ano.

Desde a abertura de capital em 2009, quando captou R$ 14 bilhões na Bolsa, o Santander tem uma rentabilidade patrimonial bastante abaixo da dos demais bancos, que girava em 20%.

O banco é criticado por não conseguir emprestar e aplicar adequadamente o dinheiro levantado para elevar seu retorno patrimonial.

"O banco nunca entregou o que prometeu na abertura de capital", disse João Augusto Salles, da Lopes Filho.

FAXINA MUNDIAL

Apesar do ganho menor no crédito, a situação do Santander Brasil contrasta com a da matriz, que sofre o impacto da crise na Espanha. O banco é o maior da zona do euro.

O Santander teve de fazer uma verdadeira faxina nos empréstimos imobiliários, que derrubou em 94,5% o lucro no terceiro trimestre.

No período, o lucro ficou em € 100 milhões, menos da metade dos R$ 591 milhões (€ 224,7 milhões pelo câmbio de ontem) da filial brasileira.

Neste ano, o banco fez provisões gigantes de crédito imobiliário e já cumpriu 90% dos € 5 bilhões de exigência dos reguladores para 2012.

Pela primeira vez, o Santander divulgou como seria seu resultado sem provisões. Teria apurado lucro líquido de € 18,2 bilhões no ano, 3% mais do que em 2011.

O Brasil já responde por 26% dos resultados do grupo no mundo. Somando Chile e México, a América Latina já contribui com 50% do lucro.

A Europa continental (Espanha, Portugal e Polônia) somam 28%.

"O Santander está melhor do que os outros bancos europeus também por causa de sua diversificação geográfica", disse Portela.

Neste ano, o Brasil já enviou quase R$ 2 bilhões em dividendos para a matriz espanhola -menos do que os R$ 2,4 bilhões de 2011.

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