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O Brasil que mais cresce

Polo 'tech', Recife vira 'Índia brasileira'

Produção de software e empregos do "call center" conferem à cidade título de maior parque tecnológico do país

Multinacionais se fixam na cidade para atender não só o mercado local mas também o mundo

NATUZA NERY
HELTON SIMÕES GOMES
ENVIADOS ESPECIAIS A RECIFE

A concentração de empresas de software e telemarketing em Recife tem crescido tanto que a cidade já começa a ser chamada de "Índia brasileira", em alusão ao país asiático que se destaca nos dois setores.

As áreas, porém, diferem em mão de obra e salário. Enquanto a de software paga melhor, mas exige qualificação, a de telemarketing remunera mal, mas é a chance de o jovem conseguir seu primeiro emprego.

A indústria do "call center" não exige experiência e já emprega mais que montadoras.

As empresas dos setores se reúnem no Porto Digital, polo no Recife cuja produção lhe rendeu o título de maior parque tecnológico do Brasil.

Os profissionais de lá têm renda três vezes maior que os do restante da cidade.

Numa rara conexão entre poder público, iniciativa privada e academia, a cidade atrai empresas não só para atender o mercado local mas também o mundo.

"Temos uma combinação entre o pensar o mundo, sem compromisso, com um trabalho que, em última análise, paga a conta", diz Silvio Meira, cientista chefe do Cesar, braço de pesquisa do Porto.

SOFTWARE

A Accenture, gigante da engenharia de software que faturou US$ 27,9 bilhões em 2012, tem 350 funcionários no Porto. Mas, para levar o escritório de Recife a ser um centro global, triplicará os postos, diz José Carlos Vilela, diretor de tecnologia do Brasil. A Microsoft também está lá.

As empresas são duas das 200 do polo, que, em 2013, sediará a feira mundial de áreas de inovação. O tema está na gênese do parque que reformou casarões centenários para abrigar empresas: o elo entre tecnologia e cidades.

Faturaram juntas R$ 1 bilhão em 2012 e empregaram 7 mil pessoas. A meta é chegar a 20 mil em 2020.

O Porto envereda agora pela economia criativa, para aliar cultura e tecnologia.

Os benefícios fiscais passaram a valer para essas empresas em 2011. "Para transformar esse caldo cultural em bem econômico, a tecnologia vira ferramenta", diz José Bertotti, secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Recife.

Exemplo disso é a Ogilvy, segunda maior agência de publicidade do mundo, que se fixou em Recife há quatro anos com dez pessoas. Até o meio de 2013, terá 160.

A ampliação serve como preparativo para o escritório se transformar no primeiro centro de desenvolvimento da empresa nas Américas -o outro fica na Ásia.

TELEMARKETING

A maior empregadora, porém, é uma empresa de telemarketing que foi a Pernambuco atrás de melhores condições, como alíquotas menores de ICMS e ISS.

Presente em todo o Brasil, a Contax tem na cidade um prédio que parece um shopping center. Nas trocas de turno, jovens lotam o lobby, com praça de alimentação e escadas rolantes -18 mil trabalham ali, a maioria mulheres.

Samuel Monteiro, 29, entrou como operador de telekarmeting há sete anos e agora é gerente de operações. "Aqui me formei e comprei casa própria."

O jornalista HELTON SIMÕES GOMES viajou a convite do Cesar

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