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Grupo Estado anuncia que 'JT' circula amanhã pela última vez

Presidente do grupo afirma que objetivo é integrar coberturas e concentrar recursos em 'O Estado'

Jornal foi criado há 46 anos; circulação média em setembro foi de 36,8 mil exemplares, com 11,7 mil em banca

NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

Será veiculada amanhã a última edição do "Jornal da Tarde", criado há 46 anos pelo Grupo Estado.

Ainda não foi definido o que acontecerá com os 52 profissionais de sua Redação. O diário vinha enfrentando queda na circulação.

Em setembro, segundo dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação), a média diária foi de 36,8 mil exemplares, com venda em banca de 11,7 mil.

O líder no segmento, "Agora São Paulo", do Grupo Folha, que edita a Folha, registrou no mesmo mês 106,2 mil exemplares, com venda em banca de 76,8 mil.

Em 2005, a média diária do "JT" era de 57,9 mil exemplares, ante 80,5 mil do "Agora".

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Questionado sobre o motivo da decisão, o diretor-presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita Neto, respondeu que "no mundo todo jornais com esse tipo de posicionamento [intermediário entre os grandes e os populares] têm tido grandes dificuldades" e "com o 'JT' não foi diferente".

Segundo ele, "o grupo usou de todos os meios para tentar revitalizá-lo, mas um portfólio de produtos é dinâmico e deve acompanhar a evolução da sociedade e dos mercados em que atua". A estratégia agora é focar no "Estado de S. Paulo", que vai incorporar o "Jornal do Carro", caderno de veículos do "JT".

"O mesmo pode se dizer da integração na cobertura da cidade", diz o executivo. "Nos últimos anos, o 'Estadão' tornou-se um jornal muito mais completo, em todas as plataformas. Também notamos que os leitores dos dois jornais, que eram bem diferentes no passado, hoje são muito similares."

Para Mesquita, "ao longo dessas quase cinco décadas, o 'JT' foi polo de inovação e criatividade".

"Com seus premiados jornalismo e design gráfico, influenciou gerações de leitores e de profissionais da comunicação, com uma grande contribuição ao jornalismo brasileiro. É uma missão cumprida", afirmou.

INOVAÇÃO VISUAL

Mino Carta, primeiro diretor, relata que o projeto começou em 1964 como uma edição de esportes do "Estado", às segundas, dia em que o jornal não circulava, na época. "Foi uma espécie de ensaio." Em 4 de janeiro de 1966, saiu a primeira edição do "JT".

"A casa deu autonomia total, em termos formais", diz Carta, que deixou a publicação em 1968.

"Pudemos produzir um jornal muito arrojado para a época, na paginação, e muito corajoso nos textos. Tínhamos todos a certeza de que o jornalismo é uma forma de literatura respeitável."

O jornal cresceu aos poucos, com notícias como a cassação do ex-governador Adhemar de Barros e a morte de Che Guevara.

O sucessor de Carta no comando da Redação foi Murilo Felisberto (1939-2007), que já era o redator-chefe da publicação.

A ele é creditada a autoria da inovação visual que definiu o "JT" nos anos 70.

Felisberto deixaria o jornal em 1978, para trabalhar como diretor de criação na agência de publicidade DPZ, e voltaria uma vez mais ao jornal, entre 2000 e 2003, quando o diário foi reestruturado.

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