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Petrobras tem maior deficit em 17 anos

Renda maior e controle do preço elevam consumo da gasolina, que tem importação recorde de US$ 2,85 bilhões

Estatal diz que deficit de US$ 9,8 bi é explicado em parte por aumento de processamento de petróleo nas refinarias

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

O Brasil está cada vez mais longe da autossuficiência em petróleo e derivados. O reflexo é que a Petrobras terá neste ano o maior deficit comercial desde ao menos 1995, quando teve início a série histórica de exportações e importações da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento.

Até novembro, o deficit é de US$ 9,8 bilhões -alta de 30% em relação a 2011 inteiro. A Petrobras exporta principalmente petróleo e óleo combustível e compra petróleo, diesel e gasolina.

O setor de petróleo e derivados do país como um todo também terá o maior deficit desde 1995: US$ 11,8 bilhões no ano, segundo a Tendências Consultoria.

Com o crescimento acelerado na demanda por combustíveis, as importações da Petrobras cresceram e as exportações caíram.

O aumento da renda das pessoas e o controle dos preços da gasolina contribuem para o maior consumo -alta de 11,8% no da gasolina até outubro e 7% no do diesel.

O consumo de etanol, que ficou menos competitivo com a gasolina barata, caiu 11%.

"A demanda por combustível vai continuar crescendo, e, enquanto não aumentar a capacidade de refino, será necessário comprar de fora", diz Walter de Vitto, analista da Tendências Consultoria.

O Brasil se tornou autossuficiente em petróleo em 2009, com exportações de US$ 9,2 bilhões e importações de US$ 9,1 bilhões. Hoje, em petróleo, o país tem superavit de US$ 5,8 bilhões. Mas o Brasil exporta petróleo pesado e tem que importar petróleo leve.

"O Brasil exporta o petróleo mais barato e importa o mais caro", afirma Maurício Canêdo, economista da FGV.

O refino do petróleo pesado é mais caro e exige mais tecnologia, e o Brasil não tem capacidade suficiente para esse refino.

Neste ano, pela primeira vez desde 1998, a exportação de gasolina vai ser insignificante, e a importação será recorde, de ao menos US$ 2,85 bilhões. O país não importava nada de gasolina até 2007.

No ano que vem, a situação será pior. A Tendências estima que o deficit de petróleo e derivados do Brasil ficará em US$ 17,2 bilhões.

Analistas não esperam aumento significativo na capacidade de refino antes de 2015, quando se estima que a refinaria Abreu e Lima (PE) vai começar a operar.

EXPLICAÇÃO

Segundo a assessoria da Petrobras, o deficit na balança é decorrente de "menor exportação de petróleo devido ao aumento no processamento de petróleo nas refinarias visando atender o crescimento da demanda no mercado interno e ao aumento na importação de derivados, principalmente diesel e gasolina, para suprir o aumento de demanda do mercado interno não atendida pelo aumento de processamento".

Até o mês passado, o deficit de petróleo e derivados do país foi de US$ 8,7 bilhões. Mas o número deve aumentar bastante devido a uma divergência nas estatísticas da Secex e da Petrobras.

As contas da Secex ainda não registraram cerca de US$ 6 bilhões de importações da Petrobras neste ano.


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