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Foxconn terá BNDES e Eike como sócios

Plano é aplicar US$ 4 bilhões em uma primeira etapa, para a instalação de uma fábrica de telas para televisores

BNDES pode investir até US$ 1,2 bi e Eike se compromete com US$ 500 mi; ideia é ter mais participantes

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Qilai Shen - 26.mai.10/Bloomberg
Linha de produção de unidade da Foxconn em Shenzhen, na Província de Guangdong (China); projeto da empresa no Brasil conta com três etapas
Linha de produção de unidade da Foxconn em Shenzhen, na Província de Guangdong (China); projeto da empresa no Brasil conta com três etapas

O BNDES será sócio da nova fábrica da Foxconn no Brasil e já assinou com os empresários Terry Gou e Eike Batista um acordo de confidencialidade para montagem da engenharia societária e financeira do negócio.
A primeira etapa do investimento seria de US$ 4 bilhões dos US$ 12 bilhões anunciados pelo empresário taiwanês, destinados à instalação de uma fábrica de telas para televisores.
O empresário brasileiro Eike Batista se comprometeu a entrar com US$ 500 milhões na sociedade. Já o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode bancar até 30% do negócio -US$ 1,2 bilhão.
O presidente-executivo da taiwanesa Foxconn, Terry Gou, quer entrar somente com a sua tecnologia no capital da empresa.
O governo contratou uma consultoria para avaliar o valor da tecnologia e ainda espera convencer o empresário a entrar também com capital.
Para concluir o investimento, BNDES, Eike e Gou buscam mais sócios. Um do setor de infraestrutura, para construir a unidade, e outro para absorver a tecnologia.
No primeiro caso, o governo está conversando com empreiteiras, como Andrade Gutierrez. No segundo, com empresas nacionais como Positivo, Semp e Itautec.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que há 70% de chances de o negócio se concretizar. No mercado, ainda há dúvidas por causa das exigências que a Foxconn deve fazer para se instalar no país, como incentivos fiscais e facilidades de construção ainda não negociados.
Em uma etapa posterior, a empresa taiwanesa pode instalar uma segunda unidade no país, também de US$ 4 bilhões, para fabricação de telas sensíveis de tablets, smartphones e computadores.
A Foxconn, que já tem uma fábrica de montagem em Jundiaí (SP), teria planos para uma outra unidade de produção de baterias, placas de energia solar e outros itens complementares ao negócio.
Esse último investimento também ficaria na casa dos US$ 4 bilhões, totalizando os US$ 12 bilhões que Terry Gou chegou a anunciar que aplicaria no Brasil.

COMPROMETIMENTO
A expectativa do governo é que até o início do próximo ano seja fechada a engenharia societária do primeiro investimento da Foxconn, considerado mais factível no curto prazo. Os demais são vistos como possibilidade.
Para o Palácio do Planalto, o acordo de confidencialidade com o BNDES e Eike Batista foi uma demonstração de que Terry Gou está comprometido com a operação.
O acordo proíbe os potenciais futuros sócios de revelar detalhes das negociações.
A empresa de Taiwan tem como principais concorrentes as sul-coreanas Samsung e LG, fabricantes de telas sensíveis, aparelhos de TV, tablets e smartphones.
A Foxconn não tem marca própria de produtos finais. Produz as sofisticadas telas sensíveis, principalmente na China, e monta aparelhos, como faz em Jundiaí -onde vai produzir iPhones.
Segundo um assessor presidencial, Gou tem dito que não pretende depender tanto da China para seus negócios. Daí sua decisão de negociar a instalação de uma fábrica no Brasil. Ele busca também oportunidades em outros países.
Nas conversas com a presidente Dilma, ele acertou inicialmente um processo de transferência de sua tecnologia -o que não admite fazer com a China.
Ele concentra toda a área de engenharia e desenvolvimento de tecnologia em Taiwan, país que se declara independente da China, considerado pelos chineses uma província rebelde.

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