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Commodities

Mineradoras fecharão contratos com preço à vista, diz consultoria

Para líder global da Ernst & Young, mudança no modelo para o minério de ferro é inevitável

Novo formato de preço pode levar volatilidade às cotações, hoje determinadas por contratos trimestrais

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O mercado de minério de ferro caminha para um novo modelo de formação de preços, no qual os contratos entre as mineradoras e as siderúrgicas vão considerar as cotações do produto à vista.

Para Mike Elliot, líder global para a área de mineração da consultoria Ernst & Young, o movimento é "inevitável" e reflete o maior nível de informações sobre as condições de oferta e demanda.

Em 2010, as mineradoras abandonaram o modelo de fixação de preços anuais, que vigorou por décadas, em favor dos contratos trimestrais.

Mas já ocorrem negociações mensais e alguns compradores querem a adoção de preços à vista -a reivindicação esquentou a relação entre a Vale e clientes chineses.

"Estamos entrando em um período de transição e, em alguns anos, só estaremos trabalhando com o preço 'spot' [à vista]", disse à Folha.

Segundo ele, a mudança pode levar volatilidade ao mercado e desafiar as equipes de gestão de risco das siderúrgicas, que deixarão de ter previsibilidade no custo de seu principal insumo. "Quando você muda para o mercado 'spot', o risco sobe."

O consultor não vê o poder de negociação dos chineses, que compram cerca de metade do minério de ferro vendido em todo o mundo, como problema para o setor, e sim como oportunidade.

"Centenas de companhias compram minério de ferro na China. Existe competição entre elas", afirma.

GARGALOS

Nas últimas semanas, restrições ao mercado de crédito na China, impostas para segurar a inflação, provocaram dúvidas sobre o comportamento da demanda e contribuíram para a queda de 12% no preço à vista do minério de ferro em um mês.

Mas, para Elliot, com a inflação chinesa demonstrando sinais de controle, a liquidez retornará aos poucos.

Falta de mão de obra qualificada e de infraestrutura para acessar novas descobertas em diversas partes do mundo preocupam mais as mineradoras do que o acesso ao crédito na China -cenário que vinha limitando a capacidade de investimento das empresas chinesas.

"No Brasil, essa preocupação é ainda maior, pois, além da retomada da confiança no setor, há outros projetos competitivos com necessidade de aumento de capacidade relacionados à Copa do Mundo, à Olimpíada e ao pré-sal."

Para aproveitar a era de preços altos provocada pelo descompasso entre oferta e demanda, as mineradoras precisam investir. E rápido.

Quanto mais rápido as empresas conseguirem aumentar a oferta, maiores serão as chances de elas aproveitarem a fase de cotações elevadas.

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