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'Itaipu verde' não engrena e perde espaço

Uso do bagaço de cana como fonte de energia sofre com preço pouco atrativo nos leilões e queda de investimentos

Para representante das usinas, as disputas nos leilões de energia devem ser segmentadas por fonte ou região

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Com potencial para gerar, em 2021, volume de energia equivalente ao da hidrelétrica de Itaipu, o uso do bagaço da cana como fonte de energia está paralisado no país.

Após forte crescimento entre 2006 e 2008, a venda de energia de biomassa despencou a partir de 2009. No ano passado, nem 1 MW foi comercializado nos leilões do governo. O único movimento é a entrega da energia vendida em anos anteriores.

O potencial é subaproveitado. Em 2012, seria possível ofertar 5.000 MW médios com o bagaço de cana, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Mas apenas 26% do total (1.300 MW médios) foi entregue ao sistema.

A perda deve ser maior no futuro. Em 2021, o país terá potencial para gerar 10 mil MW médios com o bagaço da cana, mas serão vendidos só 2.000 MW, ou 20% do total.

Considerando também a palha da cana como biomassa, o potencial de geração sobe para 15 mil MW médios, segundo a Unica, e o aproveitamento cai para 13%.

A projeção da EPE reflete a ausência dessa fonte nos últimos leilões e a queda no nível dos investimentos.

Os desembolsos do BNDES para projetos de cogeração caíram 18% em 2012 em relação a 2011, quando já haviam amargado queda de 41%.

Segundo o banco, o preço "pouco atrativo" da energia nos leilões "esfriou" o interesse dos empresários.

EÓLICAS

Nos últimos anos, o elevado ganho de competitividade da energia eólica -com a invasão de grupos estrangeiros, a oferta de equipamentos a preços mais baixos e avanços tecnológicos- expulsou a biomassa dos leilões.

No último, em dezembro, 10 dos 12 projetos contratados eram de energia eólica, que ofereceram preço médio de R$ 87,94 por MWh (megawatt-hora) -imbatível para a biomassa. No último leilão em que essa fonte saiu vencedora, em 2011, o valor médio foi de R$ 103 o MWh.

A conjuntura do setor sucroalcooleiro também contribuiu para o abandono dos projetos de biomassa.

Segundo Luis Gustavo Correa, sócio da consultoria FG/Agro, nos últimos três anos os investimentos foram destinados à recuperação dos canaviais, para aumentar a produção agrícola e ocupar a capacidade ociosa da indústria.

NOVO MODELO

Para Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, que representa as usinas, a saída é mudar as diretrizes dos leilões para que mais fontes, além do vento, retomem a competitividade.

Na opinião dele, as disputas devem ser segmentadas por fonte ou região.

Como 90% da oferta de cana está no Sudeste e no Centro-Oeste (que respondem por 60% da demanda de energia no país), a biomassa seria mais competitiva nessas regiões, pois eliminaria boa parte dos custos com a construção de linhas de transmissão para levar a energia ao principal centro consumidor.


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