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Preço defasado derruba lucro da Petrobras

Recuo de 36% em 2012 é o maior da história, sob influência da diferença das cotações interna e externa dos combustíveis

Lucro de R$ 21,2 bilhões é o menor desde 2004; endividamento cresce e põe sob risco status da empresa boa pagadora

DENISE LUNA LUCAS VETTORAZZO DO RIO

A Petrobras lucrou R$ 21,2 bilhões no ano passado, o pior resultado desde 2004. A queda nos ganhos, de 36% em relação a 2011, foi a maior da história da empresa.

O resultado é reflexo da menor produção de petróleo, dos preços defasados no mercado interno em relação ao internacional para a gasolina e o diesel e da maior importação de combustíveis.

Apesar de pleitear desde o início de 2012 ajuste nos preços em torno de 15%, o aumento só veio neste ano, de 6,6% para a gasolina e 5,4% para o diesel. Os dois combustíveis representam metade da receita da Petrobras.

A queda na produção de petróleo, de 2%, foi a primeira desde 2004. A empresa admitiu, no balanço, que a produção não crescerá neste ano.

A área de Abastecimento teve prejuízo 130% maior, de R$ 22,9 bilhões, com a importação de diesel e gasolina.

O resultado da área de gás e energia, que contabiliza as importações de GNL (Gás Natural Liquefeito), usado pelas termelétricas, e a venda de gás e de energia elétrica ao mercado, também teve queda, de 47%.

A estatal importou no 4º trimestre 463% mais de GNL do que no mesmo trimestre de 2011, em razão do maior uso das usinas térmicas, ligadas à carga plena para compensar os baixos reservatórios das usinas hidrelétricas.

Mesmo assim, no último trimestre a empresa obteve lucro acima do esperado:

R$ 7,7 bilhões, ante estimativa de R$ 6,6 bilhões.

Segundo o economista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, o melhor resultado ocorreu por uma redução no pagamento de IR.

A empresa pagou no 4º trimestre R$ 942 milhões de impostos -queda de 65% ante o quarto trimestre de 2011. A empresa não especificou o motivo da queda.

Em carta aos acionistas, a presidente da empresa, Graça Foster, discorreu sobre os motivos para a redução de lucro no exercício de 2012.

"Esse resultado [...] é explicado pelo aumento da importação de derivados a preços mais elevados, pela desvalorização cambial, que impacta tanto nosso resultado financeiro como nossos custos operacionais, pelo aumento de despesas extraordinárias como a baixa de poços secos e pela produção de petróleo."

A capacidade de geração de caixa da companhia, medido pela Ebitda (lucro antes de impostos, amortizações e juros), caiu 14% em 2012, para R$ 53,4 bilhões.

DÍVIDA

Ao mesmo tempo, o endividamento líquido deu um salto de 43%, para R$ 147,8 bilhões. O nível de endividamento atingiu 30%, ante 24% há um ano, aproximando-se do limite de 35% estipulado pela própria companhia para manter o grau de investimento (status de boa pagadora) com as agências de risco.

A relação da dívida líquida sobre a geração de caixa da companhia, que é observada pelas agências para avaliar as empresas, ultrapassou a barreira-limite de 2,5, chegando aos 2,77, ante 1,66 em dezembro de 2011, o que acende a luz amarela no mercado para possível rebaixamento.

"A Petrobras colhe o que o governo plantou quando fez da empresa um instrumento de política pública, o resultado é esse", disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.


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