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PF investiga negligência após vazamento

Chevron disse que 18 embarcações cuidam de limpeza na bacia de Campos, mas sobrevoo de agentes descobre apenas 1

Geógrafo estima que derrame de 330 barris por dia, segundo a petroleira, pode chegar a 3.738 barris diários

CIRILO JUNIOR
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

A PF (Polícia Federal) abriu inquérito para investigar crime de poluição no caso de vazamento próximo à plataforma de Frade, na bacia de Campos (RJ), operada pela empresa norte-americana Chevron.
O vazamento foi identificado no dia 7 e, dois dias depois, as operações de perfuração na região foram suspensas. A área afetada, segundo a empresa, chega a 163 quilômetros quadrados, com vazão estimada em 330 barris por dia.
Ambientalistas contestam esse dado. Diretor do site SkyTruth, especializado em interpretação de fotos de satélites com fins ambientais, o geógrafo John Amos estima que o derrame pode chegar a 3.738 barris por dia.
Policiais estiveram no campo de Frade e constataram que o combate ao vazamento não vem sendo feito da forma como comunicado.
A Chevron informou à PF que 18 embarcações cuidam da limpeza na região. Em sobrevoo realizado no início da tarde da terça-feira, 15, os agentes federais encontraram apenas uma embarcação cuidando da limpeza.
Segundo o delegado Fábio Scliar, da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, há informações distintas apresentadas pela empresa à PF e à opinião pública do que foi constatado em visita feita por agentes federais.
"Inicialmente, os relatórios não correspondem à realidade dos fatos. Quero entender o que ocorre", afirma Scliar.
A Chevron alegou que as condições do mar na terça e ontem eram impróprias para a operação de contenção do vazamento. Segundo a companhia, havia ondas de até cinco metros e ventos de 55 quilômetros por hora.
"Dessa forma a dispersão do óleo foi naturalmente feita pela agitação do mar", disse a empresa, em nota. A petrolífera sustenta que usa uma frota de 17 embarcações que se alternam na operação de dispersão, contenção e recuperação do óleo.
"Não adianta abduzir a mancha e colocá-la em Marte ou em outro lugar. Penso que o fato já está consumado e o ecossistema já foi abalado. Então, o problema está criado e os responsáveis têm que responder sobre esse grave acidente", acrescentou.
O delegado também entrará em contato com o Consulado dos Estados Unidos. Ele tem informações de que uma autoridade ambiental dos EUA visitou o local sem que a PF fosse comunicada.
A companhia informou aos agentes que não há prazo para controlar o vazamento.
A declaração foi dada pelo engenheiro de perfuração da Chevron, João Neves Filho, em reunião na plataforma. A entrada da PF no caso atende a um pedido da presidente Dilma Rousseff, que pediu rigor na apuração do fatos.

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