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Lavoura nada arcaica

Única empresa brasileira no ranking de inovação da revista "Fast Company", a Enalta, que atende as 5 maiores usinas do país, levou automação e mais produtividade às lavouras de cana

MARIANNA ARAGÃO DE SÃO PAULO

As usinas de cana-de-açúcar "descobriram" o engenheiro eletricista Cléber Manzoni, hoje dono da empresa de tecnologia para o setor sucroalcooleiro Enalta, pela primeira vez, em 1996.

Então recém-formado, Manzoni, 40, era um dos poucos profissionais da área de eletrônica da região de Catanduva (SP), onde se concentram dezenas de empresas produtoras de cana.

Por sua especialidade, foi chamado por uma usina para fazer a manutenção de máquinas com problemas na parte eletroeletrônica -se fossem enviadas aos Estados Unidos, de onde eram importadas, o conserto levaria mais de um mês.

O engenheiro encarou o serviço como um bico. Fazia o trabalho à noite, após o expediente em uma indústria da região. Mas a experiência de alguns meses trouxe a ideia que transformaria sua trajetória.

"Percebi que havia uma demanda da indústria por informação de campo, sobre o que ocorria quando as máquinas estavam trabalhando", diz.

REENCONTRO

Manzoni e a indústria de cana voltaram a se esbarrar uma década depois.

Em 2008, após nove anos de pesquisa, o primeiro produto da sua empresa, uma espécie de computador de bordo para máquinas agrícolas, foi lançado.

Hoje, a Enalta atende as cinco maiores usinas de cana do país e expande fronteiras na América Latina.

Seu faturamento saltou de R$ 1 milhão para R$ 13 milhões nos últimos três anos, graças a melhorias constantes, como um software de comando de voz que monitora o plantio e a irrigação.

A trajetória levou a companhia, sediada em São Carlos (SP), a figurar na lista anual das 50 empresas mais inovadoras do mundo da revista americana "Fast Company".

Foi a única brasileira escolhida. Na 43ª posição, ficou à frente de empresas como o Tumblr. "A Enalta avançou enquanto as grandes indústrias brasileiras [de cana] vacilam", informou a revista.

Para José Carlos Hausknecht, consultor da MBAgro, a inovação da empresa encontra terreno fértil no Brasil.

"A pressão por aumento de eficiência no setor é grande, diante do problema de rentabilidade das usinas e da dificuldade de abertura de novas áreas de plantio", afirma.

O equipamento mede dados como peso da cana cortada, velocidade da colhedora e verifica até se o limpador de para-brisa foi acionado, para saber se houve chuva durante os trabalhos.

"Com a leitura de informações coletadas por mais de 20 sensores espalhados nas máquinas, conseguimos identificar problemas de produtividade e evitar acidentes", diz Manzoni.

Ao atacar as ineficiências, o ganho de produtividade chega a 15% -ou "milhões de reais, dependendo da operação da empresa", diz Giandri Machado, diretor da Enalta.

HISTÓRICO

Um dos maiores impulsos para a Enalta conquistar o mercado veio em 2010, quando recebeu um aporte de R$ 3,8 milhões do fundo de estímulo à inovação Criatec, do BNDES.

"Enxergamos uma oportunidade de evolução enorme para a empresa", diz Francisco Jardim, gestor do Criatec.

O recurso permitiu à empresa lançar seu produto comercialmente. Até então, seu faturamento vinha da venda de pesquisas a outros grupos.

Mas a veia de inovação continua ativa na empresa, que investe 20% da receita em P&D e mantém uma equipe de 22 pesquisadores.

Agora, a companhia tenta desbravar novos mercados, como o de celulose e de mineração. A meta é faturar R$ 78 milhões em quatro anos.


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