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ES diz que governo tentou privilegiar Eike
Políticos afirmam que houve tentativa de transferir obra para o porto do empresário
Políticos do Espírito Santo afirmam que o governo federal intercedeu para tentar transferir, para o Rio de Janeiro, um investimento de R$ 500 milhões já em andamento no Estado. A obra iria para dentro do porto do empresário Eike Batista.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou no plenário do Senado nesta semana que o embaixador do Brasil em Cingapura, Luiz Fernando Serra, foi até a sede do estaleiro Jurong (em Cingapura) e disse que os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tinham interesse em mudar o estaleiro para o porto de Eike.
Segundo o senador Ferraço, a companhia informou ao governo capixaba sobre o pedido do embaixador. O secretário de Desenvolvimento do Estado, Nery de Rossi, ligou para o embaixador, que teria confirmado a solicitação.
"Entreguei ao Senado um pedido para que o Itamaraty investigue essa operação. Esse tipo de atuação é impensável", afirmou Ferraço.
O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, informou que o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) determinou a abertura de um procedimento para investigar a informação de Ferraço.
Segundo ele, "não há evidência de que tenha havido atuação do embaixador".
Os ministros negaram ter feito o pedido. A Jurong também negou ter sido procurada e disse não ter planos de tirar o estaleiro do Espírito Santo. O embaixador Serra não respondeu às ligações.
MAL-ENTENDIDO
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), contudo, confirmou a conversa de seu secretário com o embaixador de Cingapura. Ele foi a Brasília na quarta-feira e pediu encontros com os ministros Mantega, Pimentel e Edison Lobão (Minas e Energia).
Após as audiências, disse acreditar que tenha havido um "mal-entendido".
"O que me importa é a palavra de três ministros de que nada vai acontecer", afirmou Casagrande.
O grupo Jurong foi contratado por fornecedores da Petrobras para a construção de pelo menos sete sondas de perfuração e duas plataformas de petróleo, todas para a região do pré-sal, para entregas a partir de 2016. A estimativa é que essas encomendas somem R$ 12 bilhões.
Cerca de 10% da obra já está feita, com a criação de 2.500 empregos diretos. A previsão inicial era entregar o estaleiro até o fim deste ano.
A holding de Eike passa por crise de confiança, que gera desvalorização das ações de empresas abertas.
Um dos problemas é justamente o porto do Açu, que enfrenta questões ambientais.