São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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Foxconn faz pacote de exigências a Dilma

Para se instalar no Brasil, empresa quer incentivos fiscais, regime alfandegário diferenciado e terminais em portos

Depois de ter anunciado um investimento de US$ 12 bi de chineses, governo é pressionado a dar resposta rápida

Thomas Lee - 4.set.10/Bloomberg
Chineses se encaminham para treinamento em prédio da Foxconn em Shenzhen, à frente de pôster do fundador, Terry Gou

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

O projeto que a taiwanesa Foxconn entregou ao governo estabelece um pacote de exigências para efetivar o anunciado investimento de US$ 12 bilhões (R$ 19 bilhões) em cinco anos no país.
As demandas envolvem a infraestrutura necessária para montar a prometida "cidade inteligente" da empresa, garantia de incentivos e mudança na legislação fiscal.
A Foxconn quer que o governo fixe prazos para atender as demandas. O texto cita o tempo que outros países levam para viabilizar projetos: de oito meses (na China) a dois anos (Rússia e Índia).
Diante das exigências, a presidente Dilma Rousseff nomeou um grupo de trabalho para avaliar as exigências e, em um prazo curto, estabelecer um cronograma de negociação com a empresa.
Integram o grupo os ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), a Receita Federal, o BNDES e a Secretaria de Tecnologia da Informação.
O governo teme que, se os entraves burocráticos impedirem respostas rápidas, a Foxconn pode mudar o investimento para outro país da América Latina, como México ou Argentina.
Muitas das medidas, como incentivos fiscais, dependerão do Congresso. Outras, como o enquadramento tributário, dependem da Receita.
O órgão ainda não definiu como classificar os tablets. Como não existe teclado físico, a alegação é que eles não são notebooks.
A empresa quer ajuda do governo para encontrar sócios brasileiros, que seriam minoritários. Deixa claro que parte dos US$ 12 bilhões virá desses sócios, de incentivos fiscais e de financiamentos -o que reduz a bilionária cifra anunciada pela Foxconn.
O plano fala em duas etapas: até 2013 seriam produzidos smartphones, tablets e monitores de até 32 polegadas. Até 2016, TVs full HD de LCD de até 60 polegadas.
As exigências para a "cidade inteligente" envolvem cabeamento total de fibra ótica e malha de transporte que garanta escoamento rápido.
O terreno deve ser grande para abrigar um "cluster" industrial (conglomerado de empresas que usam a mesma estrutura), que, além dos componentes eletrônicos, deverá produzir equipamentos médicos e de automação e abrigar usina de produção de energia fotovoltaica.
Esse projeto é discutido em paralelo à anunciada montagem do iPad no Brasil, com previsão de início em novembro em uma das quatro unidades que a Foxconn já tem no Brasil.
A empresa quer também regime alfandegário diferenciado para seus produtos e terminais dedicados em portos e aeroportos.


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