São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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Cresce mercado de cavalos "de grife"

Importação de animais e material genético avança 83% e movimenta US$ 5,4 mi em 2010; preço pode chegar a R$ 300 mil

Hipismo, esporte em alta no país, e atividade de reprodução são as principais alavancas para esse negócio

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A empresária Isabel Leão, de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), foi buscar na Alemanha o que hoje considera um dos seus maiores bens: uma égua reprodutora e vencedora de grande prêmio avaliada em R$ 400 mil.
Assim como ela, dezenas de pessoas têm recorrido ao exterior na busca por cavalos que possam render bons investimentos no Brasil, seja na reprodução desses animais ou na prática de hipismo, esporte em alta no país.
Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a importação de cavalos e de material genético movimentou US$ 5,4 milhões em 2010 -82,6% a mais que no ano anterior.
Somente no primeiro trimestre deste ano, por exemplo, as importações somaram US$ 2,1 milhões -quase 40% de todo o ano passa- do-, segundo o ministério.
Entre os principais países exportadores do animal estão EUA, Bélgica, Argentina e Alemanha.
Foi no país germânico que a empresária de Ribeirão Preto comprou a égua ML Pandora, há dois anos, por R$ 50 mil. A égua já rendeu cinco crias e o título de melhor animal do Brasil.
Apesar do rendimento, ela descarta fazer negócio com o animal. "Informo que ela não está à venda, nem por R$ 600 mil", disse Isabel.
Para o secretário-geral da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos de Hipismo, Rocco Luiz, o crescimento reflete o aumento da qualidade do rebanho brasileiro e o mercado aquecido pela prática do hipismo.
Segundo o zootecnista e empresário Marcelo Navajas, de São Paulo, uma égua ou um cavalo importados podem custar, em média, R$ 300 mil.
Mas a preferência, diz ele, é pelas éguas, por causa das vantagens da procriação.
Ele atua como consultor para importação de cavalos europeus e tem na lista de clientes importantes cavaleiros da Sociedade Hípica Paulista. "Tanto o hipismo quanto o mercado de cavalos têm crescido muito no Brasil", afirma Navajas.

OLIMPÍADA
De olho nesse crescimento, inclusive com a Olimpíada de 2016, a Holanda enviou ao Brasil o treinador da seleção nacional de hipismo, Rob Ehrens, para abrir mercado e comercializar os cavalos holandeses no país.
A Holanda produz atualmente cerca de 80 mil animais por ano. "Montamos uma rede para revender os cavalos holandeses no Brasil, principalmente, para a prática do hipismo na Olimpíada", disse Ehrens.
A associação brasileira incentiva a compra de animais isentando a cobrança pelo parecer de importação. A isenção ocorre para os casos de animais de raça.
O documento com informações técnicas do animal é outorgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Representante dos holandeses no Brasil, o empresário Paulo Grassano Barros de Carvalho disse que a desvalorização do dólar, o aumento do poder aquisitivo do brasileiro e o crescimento do hipismo favorecem o mercado internacional de cavalos.
"O Brasil tem se destacado no mercado mundial de cavalos, porém não tem muitos exemplares. Por isso a importação tem crescido e a Holanda quer se inserir nisso. A nossa expectativa é importar até 200 cavalos por ano", disse Carvalho.


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