Os preços do leite estão com comportamento atípico e caem em plena entressafra.
Pesquisa do Cepea indica que, para o leite entregue em maio, os produtores nacionais receberam R$ 0,7718 por litro -queda de 3,3% em relação ao valor anterior.
É a primeira vez, desde 1997, que ocorre uma redução nesse período do ano. A queda ocorre mesmo com o recuo de 2,47% na captação de leite no período.
A queda é efeito do comportamento dos preços do leite longa vida -que tem grande influência no mercado- e das importações, diz Aline Barrozo Ferro, pesquisadora do Cepea e responsável pela pesquisa de preços da instituição.
O início de ano foi marcado por seca em Minas Gerais, excesso de chuvas em São Paulo e calor no Rio Grande do Sul. O resultado desses efeitos climáticos foi uma oferta menor de leite, que resultou em alta de preços.
Dentro desse cenário, o leite longa vida encontrou espaço para obter aumento de preço, o que levou mais empresas a produzir esse tipo de produto e à formação de estoques.
Os preços mais elevados diminuíram a demanda, afetando também o valor pago aos produtores, segundo a pesquisadora do Cepea.
Além desse fator interno, o setor vem sofrendo a concorrência das importações dos países vizinhos, principalmente o Uruguai.
Um acordo entre os dois países permitiu a exportação brasileira de frango para os uruguaios, que mandam lácteos para o Brasil.
O mercado externo teve os preços melhorados, o que poderia ser uma saída para os brasileiros. O câmbio, no entanto, retira a competitividade do produto nacional.

Ainda maior O Usda surpreendeu e estimou uma área de soja ainda maior. Serão 31,9 milhões de hectares que, repetida a produtividade normal, significarão safra de 91,1 milhões de toneladas, 1 milhão acima do previsto.

Menor No caso do milho, as previsões do Usda indicaram 35,6 milhões de hectares, abaixo dos 35,9 milhões de março. A safra deve ser recorde e atingir 336,4 milhões de toneladas, segundo Daniele Siqueira, da Agência Rural.

Acima do mercado As receitas da Copersucar somaram R$ 7,9 bilhões no exercício encerrado em 31 de março, 50% mais do que no anterior. Segundo a empresa, as usinas associadas tiveram receita 7% acima da média do mercado.

Brasil ajuda A Monsanto teve lucro líquido de US$ 384 milhões no trimestre encerrado em 31 de março, 45% menos do que no período anterior. Em nove meses, o lucro é de US$ 1,25 bilhão (46% menos).

Abate cai no 1º trimestre e interrompe fase de alta

Os abates de animais, que vinham crescendo desde o segundo trimestre do ano passado, recuaram neste início de ano em relação ao final de 2009. Os frigoríficos abateram 7,1 milhões de bovinos, 7,8 milhões de suínos e 1,2 bilhão de frangos.
Os dados do IBGE indicam que o abate de fêmeas se acentuou, crescendo 7,3% entre o quarto trimestre de 2009 e o primeiro deste ano, quando foram abatidos 2,3 milhões de vacas.
Quando comparados a janeiro-março de 2009 -período em que o país ainda vivia sob os efeitos da crise econômica mundial-, os dados do IBGE apontam para bons crescimentos no abate e na produção de carnes.
Nesse período, a produção de carne bovina cresceu 11,5%, a de frango, 7,9%, e a de suínos, 4%.
com KARLA DOMINGUES

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