São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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BNDES investe em varejista 61% francês

Novo Pão de Açúcar será majoritariamente de francês, mas BNDES exigiu que poder dos sócios fosse limitado a 15% cada um

Comando dos negócios será dividido entre a NPA -mescla de Casino, Abilio Diniz, BNDES e Pactual- e o Carrefour

MARIO CESAR CARVALHO
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O BNDES autorizou a injeção de R$ 3,9 bilhões numa operação de fusão que, se der certo, será majoritariamente francesa -do Carrefour e do Casino.
Os franceses têm hoje, direta e indiretamente, 61% da empresa que resultará da fusão entre o Pão de Açúcar e a unidade brasileira do Carrefour, se o projeto for aprovado pelo Casino, que resiste à oferta sob a alegação de que não foi consultado. A presença francesa no Pão de Açúcar cresceu nesta semana, após o Casino comprar US$ 1 bilhão em ações da varejista.
Uma das justificativas do BNDESPar, braço de investimentos em empresas do banco estatal, para entrar no negócio é que o aporte ajudaria a fortalecer a presença internacional de um grupo brasileiro, o Pão de Açúcar.
No caso, a operação brasileira, chamada de NPA (Novo Pão de Açúcar), terá 11,7% do Carrefour mundial.
A proposta, feita pelo banco BTG Pactual, prevê a fusão do Pão de Açúcar/Casino com o Carrefour no Brasil.
O Casino é sócio do Pão de Açúcar desde 1999, quando entrou no capital da varejista brasileira para salvá-la da bancarrota. Em 2005, comprou o controle, que deveria assumir no próximo ano.
A Folha apurou que o BNDES exigiu que o poder de cada um dos sócios seja limitado a 15%, independentemente da quantidade de ações que ele possuir.
O limite foi criado para evitar que estrangeiros tenham poder de decisão em empresa com presença do BNDES.
No Brasil, acordo de acionistas prevê que o comando dos negócios seja compartilhado, meio a meio, entre NPA -mistura de Casino, Abilio Diniz, BNDES, Pactual e minoritários- e Carrefour.
O presidente da nova empresa será escolhido pelo conselho de administração, que será indicado pela ala vinda do Pão de Açúcar.
Não há impedimento de que um francês presida o braço brasileiro da empresa.
O Carrefour está hoje nas mãos de investidores financeiros -os gestores de fundos Blue Capital e Colony, além de Bernard Arnault (dono da Louis Vuitton), que não escondem o desejo de vender suas participações.
Com a fusão no Brasil, os brasileiros passariam a ter direito a dois assentos no conselho do Carrefour, podendo indicar um terceiro em 2013.

ASSEMBLEIA
Ontem, o Casino solicitou ao grupo Pão de Açúcar uma assembleia de acionistas.
É mais um passo para a discussão sobre a proposta de fusão, que não foi apresentada aos franceses.
Diniz foi a Paris, ficou 26 horas esperando para ser recebido por Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, mas o executivo francês se recusou a atendê-lo.
Se não houver acordo, a disputa vai para o Conselho Nacional de Arbitragem. O Pão de Açúcar já escolheu os escritórios que vão representá-lo: Wald Advogados e Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide Advogados.
A decisão dos árbitros não pode ser contestada na Justiça, segundo o acordo de acionistas do Pão de Açúcar com o Casino.


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