São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2010

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Odebrecht é a mais internacionalizada

Construtora passa JBS em ranking das companhias brasileiras com maior presença no exterior no ano passado

Investimento das brasileiras no exterior cai US$ 10 bilhões em 2009, com "recuo tático" devido à crise

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

A construtora Odebrecht é a empresa mais internacionalizada do Brasil, segundo ranking da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
A companhia assume a liderança depois de ter ficado em segundo lugar no levantamento anterior.
O estudo deste ano, feito em parceria com o jornal "Valor Econômico", considera não só os ativos das companhias no exterior, mas também as receitas obtidas e os empregos em outros países em 2009 (veja quadro).
O levantamento mostra que 70,9% da receita líquida da Odebrecht veio de fora do Brasil. Além disso, 60% dos funcionários e 70% dos ativos estavam no exterior.
Desses dados, resulta um índice de internacionalização da empresa de 66,9%.
O estudo mostra ainda que houve crescimento dos percentuais de ativos e empregos da construtora em outros países na comparação com os de 2008 -embora a participação da receita estrangeira tenha diminuído.

"RECUO TÁTICO"
Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet, afirmou que os dados divulgados agora mostram que o ano passado representou um "recuo tático" para as multinacionais brasileiras, uma consequência da crise global.
"Houve uma diminuição de US$ 10 bilhões no fluxo de investimento das companhias no exterior", apontou Lima. "Mas já começa a haver uma recuperação, e a tendência é que as empresas se internacionalizem mais daqui para frente", completou.
Uma prova disso, disse Lima, é que, nos sete primeiros meses deste ano, os investimentos das empresas em aquisições no exterior somaram US$ 15 bilhões, o maior valor desde que a medição começou a ser feita pelo Banco Central, em 1947.
O presidente da Sobeet disse ainda que o estudo atual mostrou que as companhias brasileiras com atuação externa têm buscado investir na produção em outros países -e não apenas em escritórios de representação.
Essa iniciativa, de acordo com Lima, ganhou força em 2009 justamente pelas oportunidades de negócios que as companhias encontraram lá fora no período pós-crise.
"Outro aspecto é que o dólar baixo favorece mais a produção no exterior. Exportar a partir do Brasil fica desfavorável", completou.

ALIMENTOS
O estudo aponta também que o setor que obteve a maior receita no exterior em 2009 foi o de alimentos.
Foram R$ 36,8 bilhões, considerando o dólar médio do ano passado, acima de R$ 2,00, segundo a Sobeet.
Desse total do setor, cerca de 80% veio da JBS, que ficou em segundo lugar no ranking geral de internacionalização. No levantamento anterior, a empresa havia sido líder.
Ainda de acordo com o ranking de 2010, dois segmentos possuem o maior número de multinacionais: veículos e peças (com oito empresas) e tecnologia da informação (com sete).
Juntas, essas companhias empregam 73 mil pessoas, das quais 10 mil trabalham no exterior.
"Cada vez mais as empresas brasileiras se dão conta de que a internacionalização gera competitividade. Estando em outros países, as companhias ficam mais expostas", afirma Lima.


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