São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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Mercado aquecido eleva oferta de curso de engenharia à distância

Número de matriculados, de 8.596 alunos, quase quintuplicou entre os anos de 2007 e 2009

Parte dos profissionais da área, porém, faz ressalvas à pouca atividade prática nessa modalidade de ensino

SHEILA D'AMORIM
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA

A falta de engenheiros para tocar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e demais investimentos que vão garantir o crescimento da economia nos próximos anos elevou a oferta de cursos à distância.
De 2007 a 2009, mais do que quadruplicou a quantidade de alunos de engenharia nessa modalidade -de 1.724 para 8.596.
Eles recebem material impresso de apoio, têm aulas por plataformas da internet, participam de fóruns virtuais e podem tirar dúvidas on-line. Periodicamente, têm que comparecer a polos de ensino presencial para atividades práticas e provas.
A formação de engenheiros à distância, no entanto, não é consenso entre profissionais da área, que questionam essa forma de ensino para uma atividade que é essencialmente prática.
Na única universidade autorizada pelo MEC (Ministério da Educação) a ensinar engenharia civil à distância, as aulas práticas acontecem um final de semana por mês.
A favor desses cursos pesam o menor custo, a facilidade e a rapidez. Enquanto numa faculdade privada tradicional de São Paulo o aluno tem que desembolsar R$ 1.400 por mês, a mensalidade do curso de engenharia civil à distância sai por cerca de R$ 600, com desconto para quem paga em dia ou já tem outra graduação.
Para o presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) do Paraná, Álvaro Cabrini, o grande problema que o país vai enfrentar diante da escassez de profissionais de engenharia é justamente a qualidade do ensino.
Crítico da formação em engenharia à distância, diz que "as pessoas estão preocupadas com quantidade e não qualidade". "Talvez seja melhor ficar distante das obras desses engenheiros", afirma.

PRECONCEITO
O apagão era previsto em levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em 2006.
Ontem, o Ministério do Desenvolvimento anunciou um levantamento da oferta de profissionais, a ser iniciado em julho.
A busca pelos cursos regulares de engenharia cresceu 67% entre 2004 e 2009, segundo o Ministério da Educação -o número de concluintes passou de 33 mil para 55 mil. Esse aumento do interesse ocorreu após quase duas décadas de estagnação.
Existe, porém, uma dispersão desses profissionais. Dos 55 mil engenheiros formados em 2009, as entidades do setor estimam que só 32 mil passaram a atuar na área.
Para o assessor especial da CNI/Senai e vice-presidente da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), Marcos Formiga, há muito "preconceito" no Brasil em relação a esses cursos. "É fácil entrar, mas é difícil
sair porque há uma exigência forte na avaliação."
Segundo ele, a ferramenta foi utilizada com sucesso em países como Coreia e Reino Unido. Mas admite que é preciso "maturidade" do aluno para se dedicar às aulas.


Colaborou JULIANA ROCHA, de Brasília


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