São Paulo, sábado, 02 de abril de 2011

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Morte em obra de Eike será investigada

LLX e consórcio são acusados de negligência; empresa diz cumprir legislação trabalhista

Rafael Andrade/Folhapress
Maria Gomes de Souza e Zuel Gomes de Souza, pais do operário que morreu eletrocutado durante obras do porto do Açu

CIRILO JUNIOR
ENVIADO A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)

O MPT (Ministério Público do Trabalho) de Campos vai abrir inquérito para investigar denúncias de más condições de trabalho e descumprimento de obrigações trabalhistas nas obras do Complexo do Porto do Açu, do empresário Eike Batista, em São João da Barra (a 320 quilômetros do Rio de Janeiro).
Trabalhadores acusam a ARG Civil Port, consórcio contratado pela LLX, de subnotificar acidentes de trabalho e obrigar trabalhadores a exercer suas funções sem condições físicas.
Entre os casos investigados está a morte de Bruno Gomes de Souza, 22. Ele trabalhava no canteiro de obras da ARG e foi eletrocutado no dia 19 de junho de 2010.
Os pais de Bruno, o agricultor Zuel Gomes de Souza, 59, e a dona de casa Maria Elisabeth Gomes de Souza, 52, dizem que seu filho único morreu por negligência.
Segundo eles, o operador do guindaste em que o rapaz trabalhava não estava devidamente habilitado. "O responsável tinha saído, e colocaram uma pessoa sem experiência no lugar", diz a mãe.
A função de Bruno era fazer encaixe do guindaste junto ao material que seria transportado. O equipamento entrou em contato com a corrente elétrica, e o operário levou descarga de 13.800 volts.
Segundo a família, ele era contratado como servente, mas, dos 17 meses de trabalho, só 5 foram nessa função.
"Ele fez uns cursos para trabalhar nos guindastes, e já não atuava como servente. Mas não houve nenhuma mudança no contracheque."
Os pais de Bruno afirmam que ninguém foi responsabilizado e que não houve assistência à família após a ocorrência. "Vieram aqui no dia seguinte, mas não apareceram mais. Não quero dinheiro, quero justiça", diz o pai.
As denúncias encaminhadas ao MPT tratam de más condições dos ônibus que levam os operários ao canteiro de obras até atendimento médico inadequado. Os trabalhadores apelidaram o serviço médico de "veterinária".

OUTRO LADO
Procurada, a ARG Engenharia informou que não responderia à reportagem.
Em nota, a LLX afirmou cumprir "todas as normas e determinações da legislação trabalhista" e exigir, em contrato, o mesmo de seus parceiros e prestadores.
O consórcio, afirma, "arcou com as despesas do funeral, o atendimento à família e deu início a apuração para averiguação dos fatos".


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