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Fisco investiga 2.000 fundos por suspeita de caixa dois
Apuração recai sobre fundos de investimento movimentados por só um cotista
Receita quer saber origem de recursos e
já busca informações individualizadas sobre
a renda dos cotistas
JULIANNA SOFIA
DE BRASÍLIA
Envolvidos no passado
com intricadas operações ligadas a doleiros, 2.000 fundos de investimento de um
cotista só estão sob investigação da Receita Federal.
Esses fundos somam investimentos de R$ 32 bilhões.
Alguns são suspeitos de terem recursos de caixa dois.
O fisco quer saber a origem
dos recursos e já busca informações individualizadas sobre a renda e o patrimônio
dos cotistas desses fundos.
O subsecretário de fiscalização da Receita, Marcos Vinicius Neder, disse que muitos desses fundos recebem
aplicações de outros constituídos no exterior.
"A Receita tem dificuldade
em saber quem são esses cotistas lá fora. Há a suspeita e
a investigação recai sobre a
possibilidade de esses recursos serem dinheiro de caixa
dois remetido para fora e que
agora volta para o Brasil."
Segundo ele, muitos desses fundos internacionais
são administrados em paraísos fiscais, dificultando o rastreamento dos cotistas.
Os fundos investigados
pela Receita são movimentados por 2.380 cotistas -o que
daria uma média de 1,2 aplicador por fundo.
A Anbima (Associação
Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiros e de
Capitais) diz que há hoje
4.212 fundos de investimentos de um cotista só -que podem ser tanto uma pessoa física quanto um outro fundo.
DINHEIRO PARALELO
"Isso não quer dizer que
tenha nada de errado. Mas a
Receita quer saber de onde
vem o dinheiro e quem está
movimentando. Às vezes, em
alguns desses fundos, não há
sequer retenção de IR na fonte. Esses fundos podem estar
sendo usados para movimentação de um dinheiro paralelo", disse Neder.
Arquivos magnéticos com
informações sobre os fundos
foram solicitados aos bancos
e já estão sendo analisados
pelos auditores fiscais. Neder
disse que, apesar de existirem casos de sonegação de
IR sobre os rendimentos das
aplicações, esse não é o principal foco da fiscalização.
"Nosso interesse é saber
mais sobre o patrimônio, os
rendimentos que giram nesses fundos. Há muitas operações interfundos: a pessoa,
em vez de movimentar uma
conta bancária, paga e recebe por meio dos fundos."
Com base nos dados enviados pelos bancos, a Receita vai desmembrar a investigação para obter detalhes sobre os cotistas.
Hoje, o fisco tem várias ferramentas para analisar as informações dos contribuintes,
entre elas a declaração de IR,
declarações fornecidas por
imobiliárias sobre compra e
venda de imóveis, dados de
cartões de crédito e sobre comercialização de aeronaves.
Após o cruzamento de dados, a Receita vai intimar os
contribuintes enquadrados
em situações com indícios de
irregularidades.
Procurada, a Anbima informou desconhecer a investigação da Receita.
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