São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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Nova alta do minério de ferro afeta inflação no Brasil

SAMANTHA LIMA
CIRILO JÚNIOR

DO RIO

Com a imposição, desde ontem, de um novo reajuste de minério de ferro (segundo no ano), a Vale enfrenta novo embate com os principais mercados. No Brasil, a alta pode acarretar alta de 0,7 ponto percentual no IGP-M, índice de inflação medido pela Fundação Getulio Vargas, a partir de agosto.
Lá fora, parte da siderurgia chinesa ameaça romper novamente os contratos porque se recusa a pagar cerca de 30% a mais pelo minério.
O novo preço, que vigorará entre junho e agosto, chegará a US$ 160 por tonelada de minério, considerando-se o novo sistema de precificação, que considera, para três meses seguintes, a cotação no mercado à vista dos três meses anteriores.
Isso porque o preço do minério no mercado chinês à vista -ou seja, para quem não tem contrato em vigor- é cerca de US$ 145 (dos quais ainda se desconta o frete). Os chineses compram hoje 40% do minério da Vale.
Quando a metodologia nova foi aplicada, em março, os clientes já enfrentaram reajuste de 90%. Depois disso, os preços à vista entre março e maio refletiram a retomada da demanda em todo o mundo no início do ano.
No período, houve picos de US$ 180 no mercado à vista. Agora, a pressão sobre os preços do minério caiu, sob incertezas econômicas criadas pela crise na Europa -onde, no fim do ano, houve uma estocagem que agora vem sendo consumida.
Quando a nova metodologia foi implementada, há três meses, as reclamações mais ruidosas vieram das siderúrgicas europeias. A Eurofer, associação do setor, chamou o modelo de "ultrajante".
A Vale decidiu trocar o sistema de preços do minério devido ao comportamento da oferta e da demanda durante a crise, em 2009. Pelo modelo anterior, em vigor havia 40 anos, os preços praticados em um ano eram fixados no início do ano, depois de uma das três maiores mineradoras -BHP, Vale e Rio Tinto- concluir negociação com um cliente.
A alta do minério vai melhorar a balança comercial brasileira, embora vá pressionar custos da cadeia do aço, aumentando o IGP-M.
"Os efeitos serão sentidos ao longo de dois meses", afirma Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset, que fez os cálculos.


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