|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nova alta do minério de ferro afeta inflação no Brasil
SAMANTHA LIMA
CIRILO JÚNIOR
DO RIO
Com a imposição, desde
ontem, de um novo reajuste
de minério de ferro (segundo
no ano), a Vale enfrenta novo
embate com os principais
mercados. No Brasil, a alta
pode acarretar alta de 0,7
ponto percentual no IGP-M,
índice de inflação medido
pela Fundação Getulio Vargas, a partir de agosto.
Lá fora, parte da siderurgia
chinesa ameaça romper novamente os contratos porque
se recusa a pagar cerca de
30% a mais pelo minério.
O novo preço, que vigorará
entre junho e agosto, chegará a US$ 160 por tonelada de
minério, considerando-se o
novo sistema de precificação, que considera, para três
meses seguintes, a cotação
no mercado à vista dos três
meses anteriores.
Isso porque o preço do minério no mercado chinês à
vista -ou seja, para quem
não tem contrato em vigor-
é cerca de US$ 145 (dos quais
ainda se desconta o frete). Os
chineses compram hoje 40%
do minério da Vale.
Quando a metodologia nova foi aplicada, em março, os
clientes já enfrentaram reajuste de 90%. Depois disso,
os preços à vista entre março
e maio refletiram a retomada
da demanda em todo o mundo no início do ano.
No período, houve picos
de US$ 180 no mercado à vista. Agora, a pressão sobre os
preços do minério caiu, sob
incertezas econômicas criadas pela crise na Europa
-onde, no fim do ano, houve
uma estocagem que agora
vem sendo consumida.
Quando a nova metodologia foi implementada, há três
meses, as reclamações mais
ruidosas vieram das siderúrgicas europeias. A Eurofer,
associação do setor, chamou
o modelo de "ultrajante".
A Vale decidiu trocar o sistema de preços do minério
devido ao comportamento
da oferta e da demanda durante a crise, em 2009. Pelo
modelo anterior, em vigor
havia 40 anos, os preços praticados em um ano eram fixados no início do ano, depois
de uma das três maiores mineradoras -BHP, Vale e Rio
Tinto- concluir negociação
com um cliente.
A alta do minério vai melhorar a balança comercial
brasileira, embora vá pressionar custos da cadeia do
aço, aumentando o IGP-M.
"Os efeitos serão sentidos
ao longo de dois meses", afirma Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset, que
fez os cálculos.
Texto Anterior: Commodities Agnelli passa por saia justa na China Próximo Texto: Análise / Pecuária: Tecnologia pode ajudar setor a acelerar ganhos da década Índice
|