São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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ANÁLISE

Por que virou tão importante o controle da Vivo pela Telefónica

EDUARDO TUDE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Telefónica e Portugal Telecom decidiram, em 2002, unir as operações de celular no país e formaram a Vivo.
Com o tempo, a Telefónica, seguindo tendência global, uniu as operações fixa e móvel nos países onde atua, mas não conseguiu o mesmo no Brasil, por ter só 50% do bloco de controle da Vivo.
Diante desse quadro, ofereceu US$ 4,1 bilhões em 2007 pela participação da PT na Vivo. A PT não aceitou a oferta, pois a Vivo já representava, na época, 40% de sua receita total. Só interessaria à PT vender a Vivo se pudesse adquirir um ativo equivalente no Brasil.
Em 2010 o empresário mexicano Carlos Slim, principal concorrente da Telefónica na América Latina, decidiu unificar sua operações fixas e móveis e promover a fusão da Claro com a Embratel.
As razões para formar uma operadora integrada vão além da melhoria da rentabilidade com as economias resultantes da fusão.
A TIM só consegue comercializar plano de serviço em que ligações locais e de longa distância para seus celulares custam o mesmo por ser operadora integrada de celular e longa distância.
A Vivo não pode fazer o mesmo, pois as chamadas de longa distância pertencem à Telefónica. É difícil negociar desconto entre duas operadoras que têm donos diferentes. Um acerto desse tipo afeta o resultado das operadoras e, por consequência, os dividendos de cada uma.
Com essa oferta, a TIM passou a ser a operadora líder em minutos de longa distância, à frente da Embratel.
A banda larga é um acelerador desse processo. Com a banda larga móvel, as operadoras de celular têm de usar redes de fibra óptica na rede de transmissão que conecta suas torres de antenas. Não há sentido em construir uma rede de banda larga para a fixa e outra para a móvel.
As redes de banda larga fixa e móvel estão convergindo, e os serviços, também. A oferta de pacotes onde estão incluídos banda larga fixa e móvel é tendência mundial.
Diante desse quadro, a Telefónica, que perdeu para a Vivendi a disputa pela GVT em 2009, voltou à carga e fez nova oferta pela participação da PT na Vivo. A PT recusou. A receita da Vivo equivale hoje a 46% da receita da PT.
A Telefónica precisa unificar suas operações fixas e móveis no Brasil ou ficará em desvantagem em relação a seus principais concorrentes: Oi e Claro/Embratel. A Oi já havia integrado as operações fixas e móveis. Já a PT, se vender a participação na Vivo, encolherá como grupo, a menos que compre outro ativo de igual porte.
Solução conciliadora poderia ser a PT concordar em ser minoritária na nova operadora formada pela união da Vivo com a Telefónica. Mas não parece ser uma solução boa para as duas partes.


EDUARDO TUDE é presidente da Teleco


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