São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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Múltis pesaram na opção de privatizar

Construtoras convenceram Dilma de que operadores estrangeiros de aeroportos só investiriam se tivessem o controle

Depois de alguma resistência, Dilma se convenceu de que a Infraero "não daria conta do recado"

Danilo Verpa - 9.mai.11/Folhapress
Aviões em Cumbica, um dos aeroportos que serão privatizados pelo governo Dilma

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A presidente Dilma Rousseff decidiu na última hora privatizar totalmente os aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília por avaliar que a estatal Infraero não tem sido eficiente na operação aeroportuária e era preciso atrair empresas internacionais do setor para melhorar a qualidade dos serviços.
Até então, o governo havia optado pelo modelo de concessão administrativa, no qual a operação dos aeroportos continuaria com a Infraero e apenas a construção de novos terminais seria repassada à iniciativa privada -que ficaria com a exploração comercial das áreas.
Agora, segundo a Folha apurou, a estatal vai, no máximo, compartilhar a operação desses aeroportos, que ficará sob comando do consórcio vencedor.
Pesou na decisão da presidente Dilma informação repassada ao governo pelas empreiteiras interessadas em participar das licitações de aeroportos no país, como Andrade Gutierrez e Odebrecht.
As construtoras informaram que, para fortalecer os consórcios que vão disputar os leilões, precisavam se associar às grandes operadoras internacionais de aeroportos. E elas só entrariam no negócio se pudessem ter o controle da operação.
Diversas operadoras estrangeiras já demonstraram interesse pelo setor no país.
Entre elas, a alemã Fraport, parceira da Andrade Gutierrez, a FMG (de Munique), que tem conversas com a Queiroz Galvão, a francesa Aéroport de Paris e a americana ADC&HAS. Há ainda a A-Port, joint venture da Camargo Corrêa com a Flughafen Zürich (Suíça) e a IDC (Chile).
Durante a reunião com governadores anteontem, Dilma disse que estava decidida a atrair as operadoras aeroportuárias internacionais para melhorar a qualidade dos serviços. Segundo assessores, a presidente está convencida de que a Infraero "não dá conta do recado".
Além de Cumbica (em Guarulhos), Viracopos e Brasília, o governo vai oficializar em breve que também adotará o mesmo modelo de privatização nos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG).
A intenção é tentar acelerar os estudos para a formatação dos editais e fazer os três leilões no final do ano. Enquanto isso, a Infraero seguirá com os estudos e obras em curso desses aeroportos.
Dentre as obras que serão levadas adiante estão os MOPs (Módulos Operacionais Provisórios), batizados de "puxadinhos", nos aeroportos de Guarulhos, Brasília e outros.
Num segundo momento, o governo pretende também abrir o capital da Infraero.

EUA
Em Washington, o chanceler Antônio Patriota afirmou que o país quer atrair investidores americanos para os aeroportos. "Como é sabido, vamos modernizar nossos aeroportos e investimento americano seria bem-vindo, disse Patriota após encontro com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Colaborou ANDREA MURTA, de Washington


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