São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Veto na Vivo reforçou suspeita sobre acordo

Telefónica e PT teriam acerto por controle da tele

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O veto do governo português à venda da participação da PT (Portugal Telecom) na Vivo à Telefónica foi a única saída após ter percebido que havia um acordo entre portugueses e espanhóis.
Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência de Portugal, afirmou que o presidente do Conselho de Administração da PT, Henrique Granadeiro, chegou a avisar o governo de que a Telefónica colocou executivos para negociar diretamente com acionistas e executivos da operadora portuguesa.
Isso antes que a oferta de € 7,15 bilhões da Telefónica pelos 30% da PT na Vivo fosse votada pela assembleia.
A Folha apurou que, apesar disso, Granadeiro diminuiu a importância das negociações que teriam ocorrido nos bastidores dizendo que envolviam pessoas sem mandato das empresas para tal.
A assembleia aconteceu e o resultado da votação levantou ainda mais suspeitas sobre a existência de um acordo fechado anteriormente entre a Telefónica e acionistas da PT. Somente 26% dos presentes votaram contra, surpreendendo o governo português.
Para ele, os acionistas que faziam parte do "núcleo duro" da PT garantiram que haveria quorum suficiente para derrubar a proposta da Telefónica pela Vivo. Estimavam que 35% seriam contrários.
No final, até o grupo Espírito Santo e o Ongoing, um dos principais acionistas que publicamente defenderam a Vivo como ativo estratégico para a sobrevivência da PT, mudaram de lado, fazendo críticas ao veto.
Michel Barnier, comissário do Tribunal de Justiça da União Europeia, já tinha dado sinais de que o veto será derrubado pela corte europeia. Também por isso, a Telefónica estendeu o prazo de sua oferta para o dia 16, uma semana após a decisão.
Representantes das operadoras envolvidas acreditam que o veto teria funcionado como um alerta à própria PT. Como acionista da operadora, o governo português estaria sinalizando que tem planos para a operadora portuguesa e não aceita "traição".
A Folha apurou que Brasil e Portugal querem criar uma supertele nos países de língua portuguesa mesmo com a venda da Vivo à Telefónica. Mas, para isso, será preciso o apoio dos acionistas.


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