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ANÁLISE
Indústria terá crescimento menor, mas mais equilibrado
Há de fato expressivo crescimento do consumo das classes de menor renda em função da evolução do crédito, mas os últimos dados da indústria relativizam esse processo
JULIO GOMES DE ALMEIDA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Dois aspectos devem ser
ressaltados no resultado da
produção industrial brasileira em maio.
Do lado mais propriamente quantitativo, a indústria
não variou seu nível de produção com relação a abril.
Como no mês anterior
houve declínio de 0,7%, já
são dois meses em que o setor cai ou fica estagnado.
Isso contrasta com o desempenho do primeiro trimestre do ano, quando, relativamente ao último trimestre de 2009, o crescimento
chegou a 3,2%, ou 13,3% em
bases anuais.
Ao invés de ser interpretado como um fenômeno extraordinário em função de fatores especiais, tais como os
incentivos fiscais para compra de bens duráveis, os analistas e o próprio Banco Central tomaram esse resultado
como sinal de uma explosiva
trajetória da economia.
Há de fato um expressivo
crescimento e até um superaquecimento do consumo das
classes de menor renda em
função de uma grande evolução do crédito, mas os últimos dados para a indústria
relativizam esse processo,
que agora está mais ameno.
Isso significa dizer que a
indústria terá um bom crescimento em 2010, porém menor do que se imaginava, tomando por base os meses iniciais do ano.
O segundo aspecto prende-se precisamente às proporções do crescimento entre
os segmentos industriais.
Estão crescendo menos os
de bens de consumo, mas
não os segmentos de bens de
capital.
INFLAÇÃO
Assim, enquanto no mês
de maio, relativamente a
abril, a produção da indústria estagnava e em bens de
consumo a queda era de
0,5%, em bens de capital era
mantida expansão de 1,3%.
Bens de capital são máquinas e equipamentos que reforçam a capacidade de produzir de todos os setores da
economia.
Se a política de elevação
de juros for dosada corretamente e não atrapalhar os investimentos que estão sendo
planejados, em breve a própria dinâmica econômica encontrará um equilíbrio entre
o crescimento e o controle da
inflação.
JULIO GOMES DE ALMEIDA é economista
do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi)
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