São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2010

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Valor do barril do pré-sal fica em
US$ 8,51

Minoritários queriam US$ 6 e Lula defendia maior valor possível para barris cedidos pela União; capitalização é dia 30

Quanto maior o valor, mais ações a União pode comprar para aumentar participação do governo na estatal, hoje de 32%

Sergio Lima/Folhapress
O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli (à dir.), durante o anúncio, ontem em Brasília, do valor do barril

SOFIA FERNANDES
LEILA COIMBRA
VALDO CRUZ

DE BRASÍLIA

Aguardada como uma das maiores operações do mercado internacional, a capitalização da Petrobras teve seu cronograma definido ontem pelo governo Lula, que fixou em US$ 8,51 o valor médio do barril de óleo equivalente (petróleo e gás) que a União irá usar no negócio.
Com isso, o governo federal entrará com US$ 42,533 bilhões (R$ 74,808 bilhões) na capitalização da Petrobras, valor dos 4,999 bilhões de barris de petróleo que a União usará como sua parte no aumento de capital da empresa.
Além de bancar sua parte na operação, a estratégia do governo é aumentar sua parcela no capital da empresa, hoje em torno de 32%. Para isso, conta com o valor mais alto do barril. Quanto maior esse preço, mais ações a União pode comprar.
Estatal e acionistas minoritários foram derrotados na definição do valor do barril. Eles queriam um preço na casa dos US$ 6, enquanto o presidente Lula sempre defendeu o maior valor possível na operação, mantida para o dia 30 de setembro.
O governo definiu ainda que serão usados na capitalização sete reservatórios do pré-sal de propriedade da União. O de maior volume é o de Franco, com reservas de 3,058 bilhões de barris, cujo preço unitário foi estimado em US$ 9,04.
O volume das reservas foi motivo de disputa entre o governo e a estatal. Enquanto a Petrobras estimava em 2,5 bilhões o potencial de Franco, a União calculava em 4,5 bilhões de barris.

CONTEÚDO NACIONAL
Os demais reservatórios são Tupi Sul (US$ 7,85), Florim (US$ 9,01), Tupi Nordeste (US$ 8,54), Peroba (US$ 8,53), Guará (US$ 7,94) e Iara (US$ 5,82). A área de Peroba será utilizada caso a produção dos outros seis não atinja a quantidade de 4,999 bilhões de barris necessária.
O valor total da operação, incluindo os minoritários, não foi divulgado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que mais detalhes estarão no prospecto da operação, que será publicado amanhã na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Durante reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), que definiu as regras da capitalização, ficou decidido que será exigido um conteúdo nacional mínimo de 37% nos equipamentos a serem usados na fase inicial de exploração. Na de implantação, o índice médio de nacionalização será de 65%.
Derrotada no preço, a estatal venceu a área política do governo, que defendia um novo adiamento da capitalização para depois das eleições. A operação deveria ter ocorrido em julho e foi transferida para o final de setembro -data confirmada ontem em fato relevante encaminhado à CVM.
O próprio presidente Lula chegou a admitir o adiamento por conta de riscos de "marolas eleitorais", mas foi convencido pela área técnica e pela estatal a manter o cronograma. O primeiro passo, agora, será fazer um "road show" pelo mercado internacional nas próximas semanas para apresentar as regras da capitalização.
A estatal precisa fazer a operação para captar recursos no mercado e bancar seu plano de investimento, de cerca de US$ 220 bilhões até 2014.


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