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Valor do barril do pré-sal fica em US$ 8,51
Minoritários queriam US$ 6 e Lula defendia maior valor possível para barris cedidos pela União; capitalização é dia 30
Quanto maior o valor, mais ações a União pode comprar para aumentar participação do governo na estatal, hoje de 32%
Sergio Lima/Folhapress
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O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli (à dir.), durante o anúncio, ontem em Brasília, do valor do barril
SOFIA FERNANDES
LEILA COIMBRA
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Aguardada como uma das
maiores operações do mercado internacional, a capitalização da Petrobras teve seu
cronograma definido ontem
pelo governo Lula, que fixou
em US$ 8,51 o valor médio do
barril de óleo equivalente
(petróleo e gás) que a União
irá usar no negócio.
Com isso, o governo federal entrará com US$ 42,533
bilhões (R$ 74,808 bilhões)
na capitalização da Petrobras, valor dos 4,999 bilhões
de barris de petróleo que a
União usará como sua parte
no aumento de capital da
empresa.
Além de bancar sua parte
na operação, a estratégia do
governo é aumentar sua parcela no capital da empresa,
hoje em torno de 32%. Para
isso, conta com o valor mais
alto do barril. Quanto maior
esse preço, mais ações a
União pode comprar.
Estatal e acionistas minoritários foram derrotados na
definição do valor do barril.
Eles queriam um preço na casa dos US$ 6, enquanto o presidente Lula sempre defendeu o maior valor possível na
operação, mantida para o dia
30 de setembro.
O governo definiu ainda
que serão usados na capitalização sete reservatórios do
pré-sal de propriedade da
União. O de maior volume é o
de Franco, com reservas de
3,058 bilhões de barris, cujo
preço unitário foi estimado
em US$ 9,04.
O volume das reservas foi
motivo de disputa entre o governo e a estatal. Enquanto a
Petrobras estimava em 2,5 bilhões o potencial de Franco,
a União calculava em 4,5 bilhões de barris.
CONTEÚDO NACIONAL
Os demais reservatórios
são Tupi Sul (US$ 7,85), Florim (US$ 9,01), Tupi Nordeste (US$ 8,54), Peroba
(US$ 8,53), Guará (US$ 7,94)
e Iara (US$ 5,82). A área de
Peroba será utilizada caso a
produção dos outros seis não
atinja a quantidade de 4,999
bilhões de barris necessária.
O valor total da operação,
incluindo os minoritários,
não foi divulgado. O ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
disse que mais detalhes estarão no prospecto da operação, que será publicado amanhã na CVM (Comissão de
Valores Mobiliários).
Durante reunião do CNPE
(Conselho Nacional de Política Energética), que definiu as
regras da capitalização, ficou
decidido que será exigido um
conteúdo nacional mínimo
de 37% nos equipamentos a
serem usados na fase inicial
de exploração. Na de implantação, o índice médio de nacionalização será de 65%.
Derrotada no preço, a estatal venceu a área política do
governo, que defendia um
novo adiamento da capitalização para depois das eleições. A operação deveria ter
ocorrido em julho e foi transferida para o final de setembro -data confirmada ontem
em fato relevante encaminhado à CVM.
O próprio presidente Lula
chegou a admitir o adiamento por conta de riscos de "marolas eleitorais", mas foi convencido pela área técnica e
pela estatal a manter o cronograma. O primeiro passo,
agora, será fazer um "road
show" pelo mercado internacional nas próximas semanas para apresentar as regras
da capitalização.
A estatal precisa fazer a
operação para captar recursos no mercado e bancar
seu plano de investimento,
de cerca de US$ 220
bilhões até 2014.
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