São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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Crise afeta empregos até 2015, diz ONU

Estudo reforça a tese de que é cedo para governos cortarem pacotes de estímulo à recuperação da economia

Cortes de gastos tendem a aumentar desemprego na União Europeia, onde 23 milhões de pessoas não têm vaga

Manu Fernandez - 29.set.10/Associated Press
Em Barcelona, policiais entram em confronto com manifestantes que protestavam contra medidas espanholas de austeridade fiscal; país tem maior taxa de desemprego da Europa

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Os níveis de emprego no mundo só voltarão aos patamares pré-crise de 2008 daqui a cinco anos, prevê estudo feito pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), órgão ligado à Organização das Nações Unidas.
Em alguns países, principalmente na Europa, o desemprego deve até aumentar com os cortes de gastos promovidos pelos governos.
Com isso, deve também crescer o número de protestos de sindicatos, como os ocorridos quarta-feira, quando uma greve geral parou a Espanha e cerca de 56 mil pessoas marcharam pelas ruas de Bruxelas (Bélgica).
O estudo reproduz o discurso dos sindicatos e de economistas que dizem que os governos devem continuar a estimular a economia, em vez de promover cortes para controlar o deficit público.
"As medidas de estímulo, que foram fundamentais para evitar o aprofundamento da crise e ajudaram na retomada das economias, estão agora sendo suspensas em países onde a recuperação está ainda muito fraca", afirmou Raymond Torres, autor do estudo.
Já os governos europeus, e grande parte dos economistas mais liberais, dizem que é mais urgente conter os deficit, que explodiram com os gastos de bilhões dos cofres públicos para salvar bancos após a eclosão da crise financeira de setembro de 2008.
Nos países em desenvolvimento e emergentes, o que inclui o Brasil, a situação é bem melhor, segundo o estudo da OIT. Mas ainda seria necessário criar 8 milhões de empregos para voltar aos números pré-crise.

DESEMPREGO NA EUROPA
Dados divulgados ontem apontam que em agosto havia, nos 27 países que formam a União Europeia, 23 milhões de desempregados -9,6% da população economicamente ativa do bloco.
O número total ficou estável, mas se acentuou a diferença entre países que parecem já ter saído da crise (como Holanda, Áustria e Alemanha) e outros, onde a situação piorou (Espanha e Irlanda, por exemplo).
Na Alemanha, o desemprego caiu de 7,8% há um ano para 6,8% agora. Na Espanha, subiu de 18,7% para 20,5% -a maior taxa em todo o continente.
Após ser considerada o tigre europeu, devido a taxas de crescimento comparadas às de países asiáticos, a Irlanda sofre uma das piores crises entre os europeus e volta a ver sua população emigrar em busca de emprego.


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