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Crise afeta empregos até 2015, diz ONU
Estudo reforça a tese de que é cedo para governos cortarem pacotes de estímulo à recuperação da economia
Cortes de gastos tendem a aumentar desemprego na União Europeia, onde 23 milhões de pessoas não têm vaga
Manu Fernandez - 29.set.10/Associated Press
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Em Barcelona, policiais entram em confronto com manifestantes que protestavam contra medidas espanholas de austeridade fiscal; país tem maior taxa de desemprego da Europa
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Os níveis de emprego no
mundo só voltarão aos patamares pré-crise de 2008 daqui a cinco anos, prevê estudo feito pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), órgão ligado à Organização das Nações Unidas.
Em alguns países, principalmente na Europa, o desemprego deve até aumentar
com os cortes de gastos promovidos pelos governos.
Com isso, deve também
crescer o número de protestos de sindicatos, como os
ocorridos quarta-feira, quando uma greve geral parou a
Espanha e cerca de 56 mil
pessoas marcharam pelas
ruas de Bruxelas (Bélgica).
O estudo reproduz o discurso dos sindicatos e de economistas que dizem que os
governos devem continuar a
estimular a economia, em
vez de promover cortes para
controlar o deficit público.
"As medidas de estímulo,
que foram fundamentais para evitar o aprofundamento
da crise e ajudaram na retomada das economias, estão
agora sendo suspensas em
países onde a recuperação
está ainda muito fraca", afirmou Raymond Torres, autor
do estudo.
Já os governos europeus, e
grande parte dos economistas mais liberais, dizem que é
mais urgente conter os deficit, que explodiram com os
gastos de bilhões dos cofres
públicos para salvar bancos
após a eclosão da crise financeira de setembro de 2008.
Nos países em desenvolvimento e emergentes, o que
inclui o Brasil, a situação é
bem melhor, segundo o estudo da OIT. Mas ainda seria
necessário criar 8 milhões de
empregos para voltar aos números pré-crise.
DESEMPREGO NA EUROPA
Dados divulgados ontem
apontam que em agosto havia, nos 27 países que formam a União Europeia, 23
milhões de desempregados
-9,6% da população economicamente ativa do bloco.
O número total ficou estável, mas se acentuou a diferença entre países que parecem já ter saído da crise (como Holanda, Áustria e Alemanha) e outros, onde a situação piorou (Espanha e Irlanda, por exemplo).
Na Alemanha, o desemprego caiu de 7,8% há um
ano para 6,8% agora. Na Espanha, subiu de 18,7% para
20,5% -a maior taxa em todo o continente.
Após ser considerada o tigre europeu, devido a taxas
de crescimento comparadas
às de países asiáticos, a Irlanda sofre uma das piores crises entre os europeus e volta
a ver sua população emigrar
em busca de emprego.
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