São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2010

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iPad chega à meia-noite ao Brasil e expõe desafio da Apple ao varejo

"Reféns" da empresa americana, lojas fazem adaptações rápidas por causa do cronograma de lançamento

Vendas têm início com preços a partir de R$ 1.649; lançado em abril, tablet já vendeu 13 milhões de unidades

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Depois de meses de expectativa sobre a chegada do iPad, o tablet da Apple finalmente chega ao Brasil na madrugada desta sexta.
As vendas começam à 0h em algumas lojas de varejo e revendedores autorizados. A partir de amanhã o aparelho estará disponível em 150 lojas do país, com preço a partir de R$ 1.649.
Lançado em abril nos EUA, o tablet já vendeu 13 milhões de unidades até setembro, segundo estimativas da consultoria Piper Jaffray, e a expectativa é que se chegue a 28 milhões já em 2011.
No Brasil não existem números precisos, mas de olho em uma fatia do mercado potencial é que varejistas se dispõem a aceitar regras nada brandas da Apple.
Como é tradição para todos os lançamentos em todo o mundo, redes de varejo e lojas autorizadas recebem a confirmação sobre a chegada do produto apenas na semana do início das vendas.
Isso exige um grau de agilidade de processos, comunicação e marketing sem igual, pois toda a campanha de marketing e o evento de lançamento devem ser preparados em poucos dias.
"É comum a Apple manter parceiros reféns ao modelo de suspense sobre o lançamento do produto e até mesmo sobre quando os produtos chegarão aos estoques", diz Gene Munster, analista da consultoria Piper Jaffray.
Apesar do notório esforço, os varejistas não reclamam de mudar a rotina do dia para a noite para abrigar o iPad.
Segundo Marcílio Pousada, presidente da Livraria Saraiva, desde outubro a rede, que terá três unidades abertas na madrugada de amanhã, começou a se preparar para a chegada do iPad, treinando 400 vendedores.
"Duas horas para arrumar tudo na loja, desde a disposição dos produtos e a comunicação visual, é um bom desafio", afirma Pousada.
Já a Fast Shop, que controla também a revendedora A2You, incorporou à rotina há três meses a simulação da chegada dos produtos e processos de logística.
"Quem inova em produtos pode se dar ao luxo de trabalhar com a surpresa", diz Luiz Pimentel, diretor de marketing da Fast Shop.
Para o especialista Dalton Viesti, coordenador da graduação da Trevisan Escola de Negócios, iniciativas de trabalhar com cronograma surpresa mostram que a adaptação entre a decisão e a ação está cada vez menor.
"Os eletrônicos estão contribuindo para que o varejo caminhe em direção a mudanças como essas", diz.
Para Munster, a dose de mistério que envolve todos os produtos da Apple contribuiu para que a empresa tivesse tanto sucesso em despertar o desejo de consumo. No entanto, isso não vale para qualquer situação. "A tática da surpresa só funciona com produtos que são amplamente desejados", diz.
Na avaliação do executivo, embora à primeira vista a Apple possa estar ignorando o Brasil -por trazer, por exemplo, uma quantidade limitada de iPhone 4 e por não ter uma operação própria de varejo-, o país está no centro das prioridades da empresa.
Assim como a parceria com revendas autorizadas, foram abertos no Brasil espaços especiais no varejo e a loja on-line, à semelhança do que houve na China.


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