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iPad chega à meia-noite ao Brasil e expõe desafio da Apple ao varejo
"Reféns" da empresa americana, lojas fazem adaptações rápidas por causa do cronograma de lançamento
Vendas têm início
com preços a partir de
R$ 1.649; lançado em
abril, tablet já vendeu
13 milhões de unidades
CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
Depois de meses de expectativa sobre a chegada do
iPad, o tablet da Apple finalmente chega ao Brasil na madrugada desta sexta.
As vendas começam à 0h
em algumas lojas de varejo e
revendedores autorizados. A
partir de amanhã o aparelho
estará disponível em 150 lojas do país, com preço a partir de R$ 1.649.
Lançado em abril nos
EUA, o tablet já vendeu 13 milhões de unidades até setembro, segundo estimativas da
consultoria Piper Jaffray, e a
expectativa é que se chegue a
28 milhões já em 2011.
No Brasil não existem números precisos, mas de olho
em uma fatia do mercado potencial é que varejistas se dispõem a aceitar regras nada
brandas da Apple.
Como é tradição para todos os lançamentos em todo
o mundo, redes de varejo e
lojas autorizadas recebem a
confirmação sobre a chegada
do produto apenas na semana do início das vendas.
Isso exige um grau de agilidade de processos, comunicação e marketing sem igual,
pois toda a campanha de
marketing e o evento de lançamento devem ser preparados em poucos dias.
"É comum a Apple manter
parceiros reféns ao modelo
de suspense sobre o lançamento do produto e até mesmo sobre quando os produtos chegarão aos estoques",
diz Gene Munster, analista
da consultoria Piper Jaffray.
Apesar do notório esforço,
os varejistas não reclamam
de mudar a rotina do dia para
a noite para abrigar o iPad.
Segundo Marcílio Pousada, presidente da Livraria Saraiva, desde outubro a rede,
que terá três unidades abertas na madrugada de amanhã, começou a se preparar
para a chegada do iPad, treinando 400 vendedores.
"Duas horas para arrumar
tudo na loja, desde a disposição dos produtos e a comunicação visual, é um bom desafio", afirma Pousada.
Já a Fast Shop, que controla também a revendedora
A2You, incorporou à rotina
há três meses a simulação da
chegada dos produtos e processos de logística.
"Quem inova em produtos
pode se dar ao luxo de trabalhar com a surpresa", diz
Luiz Pimentel, diretor de
marketing da Fast Shop.
Para o especialista Dalton
Viesti, coordenador da graduação da Trevisan Escola de
Negócios, iniciativas de trabalhar com cronograma surpresa mostram que a adaptação entre a decisão e a ação
está cada vez menor.
"Os eletrônicos estão contribuindo para que o varejo
caminhe em direção a mudanças como essas", diz.
Para Munster, a dose de
mistério que envolve todos
os produtos da Apple contribuiu para que a empresa tivesse tanto sucesso em despertar o desejo de consumo.
No entanto, isso não vale para qualquer situação. "A tática da surpresa só funciona
com produtos que são amplamente desejados", diz.
Na avaliação do executivo,
embora à primeira vista a Apple possa estar ignorando o
Brasil -por trazer, por exemplo, uma quantidade limitada de iPhone 4 e por não ter
uma operação própria de varejo-, o país está no centro
das prioridades da empresa.
Assim como a parceria
com revendas autorizadas,
foram abertos no Brasil espaços especiais no varejo e a loja on-line, à semelhança do
que houve na China.
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