Medidas incluem corte de gastos, ajuda a empresas e privatização de aeroportos

Meta é mostrar que o país não precisa receber socorro financeiro externo, como ocorreu na Irlanda e na Grécia

Raul Juste Lores - 22.ago.10/Folhapress

Aeroporto de Barajas, em Madri, que está nos planos de privatização anunciados ontem

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou ontem um pacote de medidas para enfrentar a crise que inclui a eliminação do subsídio por desemprego e a ajuda às pequenas e médias empresas.
Além disso, o governo espanhol também planeja privatizar parte dos aeroportos e a loteria do país.
O corte de gastos e o aumento no caixa têm como objetivo mostrar que o país está economicamente saudável e não precisa receber ajuda financeira da União Europeia e do FMI, como recentemente aconteceu com a Irlanda e com a Grécia.
No entanto, os indicadores não demonstram tanta força. O PIB manteve-se estável no terceiro trimestre, após dois períodos de fraco crescimento, e o deficit público continua alto.
A dúvida sobre a solvência espanhola pode começar a se dissipar hoje, com o lançamento de títulos públicos no mercado. A demanda pelos papéis pode ajudar a dimensionar o nível de confiança dos investidores nas finanças públicas espanholas, e a emissão é considerada um teste-chave.
Na semana passada, a ministra da Economia, Elena Salgado, disse que espera fazer até o final do ano mais três ofertas de títulos.
O país saiu da recessão no começo deste ano, mas economistas afirmam que o crescimento pode retroceder quando os cortes fiscais programados forem implementados no continente.

PACOTE
Para equilibrar o Orçamento, uma das opções do governo espanhol foi o corte de gastos envolvidos em programas sociais.
O subsídio mínimo por desemprego de € 426 mensais aprovado durante a crise para aqueles que esgotaram a possibilidade de receber o seguro-desemprego -que tem duração máxima de dois anos- não estará mais em vigor, segundo Zapatero.
Atualmente, a Espanha registra índice de desemprego de quase 20%, o maior da zona do euro.
Para estimular a atividade econômica, o premiê socialista também anunciou reduções de impostos para as pequenas e médias empresas, assim como a ampliação do conceito de pequena empresa, o que deve beneficiar 40 mil companhias.
Já com o objetivo de aumentar o caixa, o governo procura investidores interessados nos aeroportos e no serviço de loterias do país.
A privatização aeroportuária pode render até 30 bilhões aos cofres públicos. A proposta do governo é que empresas privadas possam ter participação de até 49% na receita dos aeroportos.
As empresas espanholas Ferrovial e FCC (grupo de construção) já mostraram interesse pelo negócio.
A empresa pública de maior rentabilidade, que controla o serviço de loterias, também deve ser leiloada. Estima-se que a companhia feche o ano com um faturamento de € 2,6 bilhões e que uma possível venda de 30% da empresa renda € 5 bilhões aos cofres públicos.


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