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BC eleva juro para 11,75%, e governo vê IPCA acima da meta
Na tentativa de esfriar a economia e reduzir a inflação, Copom aumenta taxa básica em 0,5 ponto percentual
Juro atinge maior nível
em 2 anos, na segunda
elevação sob Dilma;
governo já trabalha com
IPCA de 5,5% no ano
EDUARDO CUCOLO
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou
ontem a segunda das quatro
altas esperadas para este ano
na taxa básica de juros (Selic), que passou de 11,25%
para 11,75% anuais, maior nível em dois anos.
O aumento é parte do trabalho iniciado no fim de 2010
para esfriar a economia, frear
o crédito e tentar controlar a
inflação, que está hoje no
maior nível em seis anos.
O próprio governo já admite oficialmente que a inflação
deve superar neste ano o centro da meta, de 4,5%. Ontem,
o Ministério do Planejamento elevou de 4,5% para 5% a
projeção para o IPCA, usado
para o cálculo das receitas.
Em dezembro, o BC havia
estimado uma variação de
preços de 4,8% em 2011. As
previsões oficiais, no entanto, ainda são mais otimistas
que a dos analistas -5,8%.
Internamente, o governo já
trabalha com alta de 5,5%.
No comunicado divulgado
sobre a decisão, que já era esperada e foi unânime, o BC
disse que deu "seguimento
ao processo de ajuste das
condições monetárias".
Essa foi a segunda reunião
do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) no governo Dilma Rousseff.
A aposta do mercado é que
a taxa voltará a subir nos dois
próximos encontros, em 20
de abril e 8 de junho, para encerrar o ano em 12,50%.
O BC vive um momento
complicado. Diz que é possível trazer a inflação do patamar atual de 6% para um nível mais próximo da meta.
As previsões do mercado,
que pioram a cada semana,
são que esse objetivo não será alcançado neste ano, mesmo com a ação do governo.
Por isso, alguns analistas
defendem uma alta maior
dos juros, apesar da desaceleração da economia verificada desde o fim de 2010 e que
deve ser confirmada hoje
com a divulgação do PIB.
OUTRAS MEDIDAS
Antes de aumentar a taxa
básica, o BC já havia anunciado restrições a financiamentos ao consumo com prazo superior a 24 meses.
Também retirou da economia, em dezembro, a última
parte do dinheiro injetado na
crise de 2008. No mês passado, o governo anunciou ainda corte de R$ 50 bilhões no
Orçamento da União.
As primeiras mudanças já
se refletiram em juros mais
altos e queda nos empréstimos, mas ainda não tiveram
impacto significativo sobre o
consumo. Em relação aos
gastos público, o governo
ainda não convenceu o mercado de que conseguirá realizar o corte anunciado.
Outras economias emergentes, como China e Rússia,
também já elevaram os juros
e adotaram outras medidas
para segurar a inflação.
Mas as taxas nesses países
são mais baixas que no Brasil
-líder global em juros reais.
Esse é um dos fatores que
contribuem para atrair mais
dólares para o país e derrubar a cotação da moeda.
Participaram da reunião
Altamir Lopes (Administração) e Sidnei Corrêa Marques
(Liquidações e Operações de
Crédito Rural), novos diretores indicados por Dilma.
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